sexta-feira, 13 de maio de 2016

Décimo terceiro dia de meditação do mês de Maria

13 a formação da moça

Devem os pecadores procurar com Maria a graça de Deus
Logo, se Maria não achou a graça para sim, porque sempre dela esteve cheia, para quem a achou? Responde o Cardeal Hugo, num comentário a este passo: Achou-a para os pecadores que a tinham perdido. Corram, pois, a Maria os pecadores que perderam a graça, porque em seu poder a acharão certamente, continua este devoto escritor, e digam-lhe; Senhora, a coisa achada deve-se restituir a quem perdeu; aquela graça, que vós achastes, não é vossa, porque nunca a perdestes; é nossa, porque a perdemos, por isso no-la deveis restituir. Se, pois, desejamos recuperar a graça do Senhor – conclui Ricardo de S. Lourenço – vamos a Maria, que a encontrou e sempre a encontra. E já que a Virgem foi e sempre há de ser muito querida por Deus, se a ela recorremos, certamente acharemos a graça. A própria Mãe de Deus garante-nos, em os Sagrados Cânticos, que Deus a pôs no mundo para ser a nossa defesa e por isso também está constituída medianeira de paz entre Deus e os pecadores. “Eu me tenho na sua presença (de Deus) tornado como uma que acha a paz” (8, 10). Com estas mesmas palavras anima S. Bernardo o pecador, dizendo: Vai ter com esta Mãe de Misericórdia e mostra-lhe as chagas que na alma te fizeram os teus pecados. Ela não deixará de rogar a seu Filho, que tanto a ama, atendê-la-á com toda a certeza. – Com efeito, a Santa Igreja nos manda pedir ao Senhor que nos conceda o poderoso socorro da intercessão de Maria, para que nos levantemos de nossos pecados. “Concedei, misericordioso Senhor, fortaleza à nossa fraqueza, para que nós, que celebremos a memória da Santa Mãe de Deus,  pelo auxílio de sua intercessão, nos levantemos de nossas iniqüidades.”
Com razão, pois, a chama S. Lourenço Justiniano esperança dos malfeitores, porque é a Virgem que lhes obtém o perdão. Acertadamente di-la S. Bernardo escada dos pecadores, porque, dando a mão aos pobres decaídos, os tira do precipício do pecado e fá-los subir para Deus. Com razão lhe chama Pseudo-Agostinho única esperança de todos Oe pecadores, pois só por seu intermédio esperamos a remissão de todos os nossos pecados. E o mesmo diz S. João Crisóstomo: Os pecadores só por intercessão de Maria recebem o perdão. Por isso em nome deles assim a saúda o Santo: Deus te salve, Mãe de Deus e Mãe nossa, céu onde Deus reside; trono, em o qual dispensa o Senhor todas as graças; roga sempre a Jesus por nós, para que pelos teus rogos possamos alcançar o perdão no dia do juízo e a bem-aventurança na eternidade.
Com razão, finalmente, é Maria chamada aurora. “Quem é esta, que vai caminhando como a aurora quando se levanta?” (Ct 6, 9). Sim, por isso disse Inocêncio III: Sendo a aurora o fim da noite e o começo do dia, com razão a ela comparamos a Virgem Maria, que pôs termo aos vícios e fez nascer as virtudes. E o mesmo efeito que causou no mundo o nascimento de Maria causa agora nas almas o nascimento de sua devoção. Põe termo à noite do pecado e faz andar a alma pelo iluminado caminho da virtude. Daí as palavras de S. Germano: Ó Mãe de Deus, vossa proteção traz a imortalidade; vossa intercessão, a vida. E no sermão sobre o Cíngulo da virgindade diz o Santo: Pronunciar com afeto o nome de Maria ou é sinal de vida, ou de a ter brevemente. Cantou Maria no Magnificat: eis que já desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc 1, 48). “Sim, Senhora minha – acode S. Bernardo – todos os vossos servos alcançam por vossa intercessão a vida da graça e a glória eterna. Em vós acham os pecadores o perdão, e os justos a perseverança, e depois a vida eterna”. Não desconfieis, ó pecadores, diz o devoto B. Bernardino de Busti; ainda que tenhais cometido todos os pecados, recorrei com sinceridade à Mãe de Deus, pois sempre a encontrareis com as mãos cheias de misericórdia. E ajunta: Maria deseja mais fazer e conceder-vos favores, do que vós desejais recebê-los.
Na frase de S. André de Creta é a Santíssima Virgem penhor de perdão divino. Isto é, Deus promete garantido perdão aos pecadores, quando recorrem a Maria para que os reconcilie com o Senhor, e como garantia disso lhe dá um penhor. Este penhor é, sem dúvida, Maria Santíssima, que nos foi dada como intercessora. Por sua intercessão. Deus perdoa, em vista dos merecimentos de Jesus Cristo, a todos os pecadores que a ela recorrem. Disse um anjo a S. Brígida que os santos profetas exultavam de alegria ao saber que Deus, pela humildade e pureza de Maria, havia de aplacar-se e receber à sua graça os pecadores que o haviam menosprezado.
Nenhum pecador deve temer que Maria o desatenda se recorrer à sua piedade. Não; pois ela é Mãe de Misericórdia e como tal deseja salvar os mais miseráveis. Maria é aquela arca feliz, observa Egiberto, que livra do naufrágio a todos os que nela se refugiam. No tempo do dilúvio até os animais foram salvos na arca de Noé. Debaixo do manto de Maria se salvam também os pecadores. Certa vez viu S. Gertrudes Maria Santíssima com o manto aberto, debaixo do qual estavam refugiados muitas feras: leões, ursos, tigres. Viu também como a Santíssima Virgem não só as não afastava, mas com grande piedade as recolhia e afagava. E com isto entendeu a Santa que ainda os pecadores mais perdidos, quando recorrem a Maria, não são expulsos, mas antes bem aceitos e salvos da morte eterna. Entremos, pois, nesta arca; refugiemo-nos sob o manto de Maria. Sem dúvida ela não nos repelirá, mas seguramente nos há de salvar.
EXEMPLO
Conta o Padre Bóvio, que uma mulher perdida, chamada Helena, foi um dia à Igreja e aí ouviu casualmente um sermão sobre o Rosário. Saindo para fora, trocou-se um rosário; mas trazia-o escondido, para que não fosse visto. Começou logo a rezá-lo. E ainda que o recitava sem devoção, a Santíssima Virgem lhe infundiu tantas consolações e doçura em rezar que depois não podia deixar de o fazer. Ao mesmo tempo nela inspirou o Senhor um profundo nojo da má vida que levava. Helena não podia encontrar mais repouso e viu-se como que impelida a ir confessar-se. Realmente confessou-se com tanta contrição, que fez pasmar o confessor. Feita a confissão, prostrou-se aos pés de um altar da Mãe de Deus para dar graças à sua advogada. Enquanto aí recitava o santo rosário, falou-lhe da imagem da divina Mãe: Helena, basta quanto tens ofendido a Deus e a mim; de hoje em diante muda de vida, que eu te farei participante das minhas graças. Confusa, respondeu-lhe a pobre pecadora: Ah! Virgem Santíssima, é verdade que eu tenho levado uma vida de vícios; mas vós, que tudo podeis, ajudai-me; consagro-me inteiramente a vós e quero passar o resto de minha vida fazendo penitência por meus pecados. – Helena distribuiu todos os seus bens pelos pobres e principiou a fazer rigorosa penitência. Atormentavam-na terríveis tentações; mas bastava encomendar-se à Mãe de Deus para ficar vitoriosa. Chegou a receber muitas graças sobrenaturais, visões, revelações e profecias. Finalmente quando foi de sua morte, da qual tinha sido avisada, veio a Santíssima Virgem com seu Filho visitá-la. E morrendo, foi vista a alma desta pecadora em forma de belísima pombinha voar para o céu.
ORAÇÃO
Aqui está, ó Mãe de meu Deus, ó minha única esperança, aqui está a vossos pés um miserável pecador que implora a vossa compaixão. A Igreja toda e todos os fiéis vos proclamam o refúgio dos pecadores. Sois, portanto, o meu refúgio, a vós compete salvar-me. Bem sabeis quanto vosso Filho quer a nossa salvação. Sabeis quanto ele sofreu para salvar-me. Ó minha Mãe, apresento-vos os sofrimentos de Jesus: o frio que padeceu no presépio, os passos que deu na viagem ao Egito, suas fadigas, seus suores, o sangue que derramou, as dores que o fizerem expirar aos vossos olhos na Cruz. Mostrai quanto amais o vosso Filho, já que por seu amor é que imploro vosso auxílio. Estendeis a mão a um desgraçado que, do fundo do abismo, vos implora a compaixão. Se eu fora santo, não vos pediria misericórdia; por ser, entretanto, pecador é que a vós recorro, Mãe de misericórdia. Não ignoro que vosso Coração compassivo sente consolo em socorrer os miseráveis, quando por sua obstinação não impedem vossos favores. Consolai, pois, hoje o vosso piedoso coração e consolai-me também; pois tendes ocasião de salvar-me, que sou um pobre merecedor do inferno, hoje que podeis valer-me porque não quero ser obstinado. Entrego-me em vossas mãos; dizei-me o que devo fazer, e obtende-me em vossas mãos; dizei-me o que devo fazer, e obtende-me força para executá-lo. Eis-me resolvido a fazer tudo para receber a divina graça. Refugio-me sob vosso manto. Jesus quer que eu a vós recorra, a fim de que, para glória vossa e dele, não só o seu sangue, mas também os vossos rogos, me ajudem a salvar-me. Ele me manda para vós, para que me socorrais.
Ó Maria, eis-me aqui, a vós recorro e em vós confio. Pedis por tantos outros, dizei também por mim uma palavra. Dizei a Deus que quereis a minha salvação, e Deus certamente me salvará. Dizei-lhe que sou vosso, e outra coisa não vos peço.
Trecho da meditação é retirada do livro “Glórias de Maria”, de Santo Afonso de Ligório.
Capítulo I, explicação da Salve Rainha – As abundantes e numerosas graças dispensadas pela Mãe de Deus aos que a servem devotamente.

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