domingo, 31 de março de 2013

AS FORMAS DE ORAÇÃO



1. Introdução

O Espírito Santo indica o objetivo da oração e como se deve orar. Ele sonda as profundezas de Deus, toma as coisas de Cristo e as revela. O Espírito é Deus, comunhão com Deus Pai e Deus Filho, e os três são um só Deus. Ele é o poder que opera em todos. Ele é quem une os corações em oração.
A oração pode acontecer de diversas formas, de acordo com as intenções, sentimentos e necessidades do orante e, também, com as moções do Espírito Santo.

2. A oração de louvor

O louvor exprime uma relação fundamental do homem com Deus. O louvor reconhece que Deus é Deus! “Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória. Por ela, o Espírito se associa ao nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho do Filho único em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as leva Àquele que é sua fonte e o termo final”.[1]
Louva-se a Deus porque Ele é: Onisciente, Onipotente, Onipresente! Ele criou os céus e a terra, e tudo o que neles há! Ele é grandioso! Ele é glorioso! Ele é Santo! Ele é justo! Ele é amoroso! Todo fiel deve lembrar-se das graças que recebe e louvar a Deus. Ele deu Seu Espírito Santo a fim de que todos possam viver uma vida santificada. Ele cura! Livrou o homem da morte e do inferno e lhe deu a vida eterna. Por isso se deve louvar a Deus! Sempre haverá motivos para louvá-Lo.
O homem foi criado para o “louvor da glória de Deus” (cf. Ef 1, 14b). “É por isso que Davi diz muito acertadamente: ‘Louvai o Senhor, pois o Salmo é uma coisa boa: a nosso Deus, louvor suave e belo!’ E é verdade. Pois o Salmo é bênção pronunciada pelo povo, louvor de Deus pela assembléia, aplauso de todos, palavra dita pelo universo, voz da Igreja, melodiosa profissão de fé...”.[2]

3. Oração de ação de graças

“A ação de graças caracteriza a oração da Igreja que, celebrando a Eucaristia, manifesta e se torna mais aquilo que ela é”.[3] A ação de graças é uma expressão de humildade pessoal e uma forma de respeito e reverência. Quando o fiel agradece com sinceridade, torna-se mais consciente da grandeza de Deus.
Um coração agradecido é capaz de transformar todo acontecimento em oferenda. Quaisquer que sejam as circunstâncias dá graças a Deus por elas.

4. Oração de adoração

A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador. É o silêncio respeitoso diante de Deus “sempre maior”. A adoração do Deus três vezes Santo e sumamente amável enche o homem de humildade.
Adorar é reconhecer que Deus é Senhor, Pai, Criador, Salvador; que é grande, bom, poderoso, misericordioso. Adora-se somente a Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; adora-se a Jesus porque é Deus, seu Corpo, seu Coração, suas Chagas, Jesus na Cruz e na Eucaristia.
A adoração pode ser com palavras, como S. Tomé ao ver Jesus Ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!” (cf. Jo 20, 28) A adoração pode ser com gestos, como se prostrar de rosto em terra ou de joelhos. A adoração pode ser em silêncio, como Maria, perfeita adoradora, que “guardava tudo em seu coração” (Lc 2, 51). Deus busca adoradores em espírito e em verdade (cf. Jo 4,23).

5. A oração em línguas

A razão e a intuição humanas limitam a oração. Com a ajuda do Espírito Santo, ela passa a ser uma oração que dá frutos. O orante empresta sua voz ao Espírito Santo e Ele lhe dá o tom e a forma. É o que se chama de oração no Espírito ou oração em línguas, que nasce das profundezas de Deus e se expressa “em gemidos inefáveis” (cf. Rm 8, 26) ou em louvor e adoração, conforme o Espírito introduz na necessidade do momento.
O cântico em línguas é uma expressão de louvor. É dom de Deus. O verdadeiro cântico em línguas sai do coração e vai além das palavras humanas. Muitas vezes é o que resta ao orante nos períodos de purificação e de dificuldade espiritual.
Numa assembléia de oração, o Espírito Santo pode levar a um louvor coletivo em línguas para, entre outras coisas, abrir o coração dos presentes à escuta da palavra profética.

6. Oração de escuta

A oração de escuta é uma atitude de fé expectante. Faz parte da permanência em Deus, do colóquio interior da alma com Deus, da busca de um discernimento daquilo que se apresenta no coração do homem. A verdadeira escuta é o acolhimento da inspiração do Espírito Santo, esclarecendo, revelando, orientando conforme a necessidade. A pessoa que vive constantemente na presença do Senhor sabe distinguir Sua voz das outras vozes interiores, que muitas vezes levam à distração e ao desvio da verdade. “E as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz” (cf. Jo 10, 46). “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10, 27).

7. Oração de súplica

Suplicar é pedir a Deus por uma necessidade pessoal ou comunitária. As Escrituras mostram que Deus deseja que os seus filhos lhe façam pedidos: “Não tendes, porque não pedis” (Tg 4, 2). “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mt 7, 7-12).
O fiel deve pedir a Deus com muita honestidade. A atitude básica para uma oração madura de súplica é a de entrega do pedido a Deus para que a vontade d’Ele seja feita. É a mesma atitude de Jesus diante da Sua Paixão: “Não se faça o que eu quero, mas sim o que Tu queres” (Mt 26, 39).
Na súplica sincera e amadurecida, deve haver também o desejo profundo de que Deus receba toda glória. “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10, 31). “Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos” (Ef 6, 18).

8. Oração de entrega

“Entrega teu caminho ao Senhor, confia nEle, e ele agirá” (Sl 36, 5). A oração de entrega implica em estabelecer um compromisso sério com o Senhor, evitando-se afirmações vagas. É uma oração sábia. Em três curtas frases, observando o sentido dos três verbos, dedica-se ao Senhor a pessoa de maneira total e plena:

a) “Entrega teu caminho ao Senhor” - o ato da entrega, leva a um despojamento total, à mesma atitude de Jesus na Cruz (cf. Lc 23, 46); é uma decisão definida e específica, implica não somente em entregar, mas deixar nas mãos de Deus. Fazer a entrega não é fácil, mas deixá-la ali é ainda mais difícil; entretanto, é necessário confiar.

b) “Confia nele” - confiar na palavra de Deus e ter a certeza que esta palavra será cumprida (cf. Mc 11, 24). Deus chama atenção para a necessidade de que o fiel creia quando ora, tomando uma posição definida de fé. A fé não pode ser apenas uma disposição mental de crer, ela tem que estar fundamentada na promessa de Deus.

c) “Ele agirá” – orando deste modo, a resposta de Deus virá e o fiel poderá dar inúmeras ações de graças a Ele.

 

9. Oração de intercessão

As Escrituras animam a interceder uns pelos outros. “Não cessamos de orar por vós” (Cl 1, 9). “Orai uns pelos outros” (Tg 5, 16). “Pois sei que isso me resultará em salvação, graças às vossas orações e ao socorro do Espírito de Jesus Cristo” (Fl 1, 19).
Paulo muitas vezes encorajou a Igreja a rezar também por ele. Ele conhecia os benefícios da oração. A oração de intercessão traz bênção, proteção e crescimento espiritual.
Deus procura intercessores: “Tenho procurado entre eles alguém que construísse o muro e se detivesse sobre a brecha diante de mim, em favor da terra, a fim de prevenir a sua destruição, mas não encontrei ninguém” (Ez 22, 30). Interceder é pedir a Deus que aja na vida de outra pessoa (cf. Tg 5, 16).
Quando o fiel não sabe como orar, o Espírito Santo vem em seu auxílio, intercedendo através dele “com gemidos inefáveis”, numa oração perfeita, pois é o próprio Deus que sabe o que é necessário e ora em seu favor (Rm 8, 26-27).
Todos são chamados a interceder. A intercessão leva à consolação do coração de Deus. Unido a Jesus, o verdadeiro e único Intercessor perfeito diante do Pai, o intercessor participa de seu sofrimento e consola sua dor.
O intercessor é um intermediário junto de Deus. Toda a vida e morte de Jesus foi em favor dos homens. Na cruz, antes do último suspiro, Ele intercedeu: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).
 “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos o que estão constituídos em autoridades, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 1-3).
Interceder por alguém é entrar em território usurpado pelo inimigo e resgatar alguém para Deus. Por isso, a intercessão é muitas vezes uma batalha espiritual, para a qual deve-se estar preparado com o auxílio da oração pessoal, dos sacramentos e do jejum. “Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lugar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6, 12).
A intercessão exige, também, insistência e perseverança até obter a resposta. “Por acaso não fará justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por Ele dia e noite? Porventura tardará em socorrer?” (Lc 18, 7).
A oração tem o poder de transformar tudo, inclusive o curso da história. A Bíblia apresenta vários exemplos de intercessão:
- Gn 18,23-33 – intercessão de Abraão por Sodoma.
- Ex 32, 11-14 – Moisés intercede em favor dos israelitas que haviam feito o bezerro de ouro.
- Dn 9, 1-19 – intercessão de Daniel para que Deus libertasse seu povo da Babilônia.

10. Oração de cura

Deus quer que todos os homens sejam curados, que sejam saudáveis de corpo, mente e espírito. A obra da salvação realizada na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus foi para que o homem fosse salvo, curado, em todas as áreas de sua vida.
O perdão, que é a chave da cura, atinge a raiz de várias enfermidades, por isso, uma boa confissão (cura espiritual pelo perdão dos pecados) pode libertar uma pessoa de traumas emocionais ou ser causa de cura de alguma doença física.
Jesus pregava e curava. A unção messiânica que recebeu deu-lhe condições de realizar a palavra do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu...” (Lc 4, 18). Esta mesma missão foi conferida aos 12 apóstolos, aos 72 discípulos e, depois, a todos os batizados: “Ide por todo mundo (...). Estes milagres acompanharão os que crerem: (...) imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16, 15-18).
Orar pelos doentes foi mandato de Jesus. Para isso, a fé é um requisito importante: é preciso acreditar que Jesus cura hoje, como curava na Galiléia e na Judéia. Textos: Mt 19, 13; Mt 8, 3; Mt 8, 15; Mt 9, 27; Mc 8, 2.
Antes de orar por alguém, é necessário perdoar a todos. Tem-se visto e experimentado na Renovação Carismática o poder de Deus operando nas pessoas, curando e libertando. “Sinais e prodígios acompanharão aqueles que crêem” (cf. Mc 16, 17). Todos os que crêem são, portanto, canais da graça de Deus para os irmãos.

11. Conclusão

            São muitas as formas de oração, todas elas necessárias ao crescimento espiritual do fiel. No entanto, é o mesmo Espírito que move o orante no momento certo, para que este receba e viva a graça de uma caminhada de oração em busca da santidade.




[1]. CATECISMO da Igreja Católica, n. 2639.
[2]. SANTO AMBRÓSIO apud CATECISMO da Igreja Católica, n. 2589.
[3]. CATECISMO da Igreja Católica, n. 2637.

Explicação sobre a Páscoa

sábado, 30 de março de 2013

Trabalhar em teu nome


SENHOR, que és o céu e a terra, que és a vida
e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está – (o teu templo) – eis o teu corpo.
Dá-me alma para te servir e alma para te amar.
Dá-me vista para te ver sempre no céu e na
terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lamas nas estradas dos meus
pensamentos nem folhas mortas nas lagoas
dos meus propósitos. Faze com que eu saiba
amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. [...]
Minha vida seja digna da tua presença. Meu
corpo seja digno da terra, tua cama. Minha
alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o sol, para que eu te
possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu possa te rezar em mim; e
torna-me claro como o dia para que eu te
possa ver sempre em mim e rezar-te e adorarte.
Senhor, protejei-me e ampara-me. Dá-me que
eu me sinta teu.


(PESSOA, 1976)

quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre o Lava pés! - Pe. Paulo Ricardo

Jesus, por saber que havia chegado a Sua hora de voltar para o Pai e que este era o momento do supremo amor, pois Ele mesmo "tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (cf. Jo 13,1), durante a Santa Ceia lavou os pés dos discípulos e instituiu a Eucaristia.

A Igreja, com o mesmo amor de Jesus pelos homens, celebra na Quinta-feira Santa o mistério da instituição da Eucaristia e realiza novamente a cerimônia dos lava-pés. Para entender o que significa esse belo sinal de Cristo, precisamos voltar ao tempo e entender a cultura judaica. Todo aquele que se sentava à mesa, tinha que passar pelo rito da purificação exterior, caracterizado pelo ato de lavar-se. Normalmente esse gesto era realizado pelos servos.

Pedro


Dois sentimentos precipuamente se devem formar em nós à medida que se nos
desenvolve aos olhos a dolorosa Paixão de Jesus.
A humildade primeiramente: se assim se trata a lenha verde, que se há de fazer da lenha seca? Esta comparação não nos deveria abandonar. Em seguida a confiança: os meus pecados já estão lavados; a parte mais pesada da expiação está feita, eu só tenho que me aplicar o preço deste Sangue, sei onde e como. Finalmente, cumpre ajuntar esse pensamento de consolação, amarga sem dúvida, porém real: como ocupei a atenção de Jesus durante os Seus padecimentos! Como devo ter estado presente à Sua agonia do Coração, às Suas torturas do Corpo! E então, por uma conseqüência natural, acrescentaremos: como deve Ele estar agora presente a todas as minhas dores!
De fato, não há doravante sofrimento algum da nossa vida que não possamos vir
embeber no oceano da Paixão. A onda das nossas dores encontrará aí uma onda
semelhante: o sangue tocará o Sangue.
Fasciculus myrrhae inter ubera mea
commorabitur
(Ct 1, 2). A lembrança da Paixão cá está no meu seio, como um
ramalhete espinhoso e agreste; é só inclinar-me para lhe respirar o eterno odor.
Inclinemo-nos amiúde, ocasião não nos há de faltar.
É de todos estes sentimentos, diversa e freqüentemente amalgamados, que nascerá o amor.
Enquanto Jesus se vai abandonado e desolado, convém que esse amor O acompanhe,
fiel e condolente. Porque Ele se vai; desta vez está tudo bem acabado, os dois grupos se distanciam mais e mais um do outro: os soldados com Jesus amarrado tornam a subir as encostas do Ophel, e os Apóstolos embrenharam-se pelo vale, do lado de Siloé e das atrás gargantas da Geena.
Que solidão cruel para o Salvador, no séquito compacto e grosseiro que O cerca, que
silencio no Coração em meio ao tumulto dos guardas... Já não tem um amigo. É a
solidão angustiosa do Coração. Experimentamo-la algumas vezes durante a vida,
freqüentes vezes na velhice. Outra há, porém, que nos assustará mais, é a de nos
encontrarmos sós diante de Deus, à nossa chegada ao desconhecido do além. Onde
refugiar-me? Por quem chamar? Por que amigo? Que socorro? Tudo se desvaneceu,
tudo se escoou, tudo passou; ó minha alma, faze de teu Juiz um amigo enquanto ainda é tempo; depois será tarde demais.
Entretanto, Pedro, que fugiu como os outros, enche-se de remorsos. Torna atrás, não
esqueceu os seus protestos solenes e os seus múltiplos juramentos: “Ainda quando todos Vos abandonassem, eu, eu não Vos abandonarei”. Premido por este aguilhão retrocede.
O cortejo já vai longe, segue-o ele a passos prudentes, dissimulando-se, ora avançando e ora recuando. Que ver como acabará tudo aquilo.
É um misto de curiosidade e de respeito humano que o faz voltar. Há amor sem dúvida, mas já não está em primeiro lugar. Ora, o amor que não domina, cedo é dominado. Em Pedro é uma chama que já se entibia; a voz de uma criada extingui-la-á de vez. Ai está amiúde de que se compõem as nossas fidelidades: a uma mecha que ainda fumega!
Deus bem que se quer contentar com ela, contanto que lha consintamos reacender; mas nós Lhe disputamos ainda essa centelha mortiça.
Esta lamentável história de Pedro é bem simples. A queda está no termo do declive
como fatal, inevitável. É a história de todas as ocasiões em que nos enleia a nossa
presunção.
Pedro chegou com outro discípulo até à porta. Este outro faz sinal à porteira, que ele
conhecia, para mandar entrar aquele; Pedro entra.
– É então um dos discípulos dEle? Pergunta curiosamente a mulher.
A pergunta era natural. Pedro responde pressurosamente, a fim de afastar desde logo qualquer suspeita:
– Não, não.
E passa.
Disse ele essa palavra sem lhe prestar grande atenção; aliás, a seus olhos não tem aquilo conseqüência: uma porteira!... Preocupado com o seu intento, mistura-se aos soldados; o outro discípulo, conhecido do Sumo Sacerdote, entrou mais a dentro na sala.
No átrio onde se agruparam os soldados, conversa-se em derredor da fogueira. Conta-se o que se passa e as peripécias da prisão de Jesus. Uns vão, outros vem. Pedro aquece-se indiferente, escutando, sem dizer palavra. Os soldados todos se conhecem entre si:
reparam, pois, no estranho.
– Será um dos discípulos dEle? Dizem; e depois, diretamente a Pedro:
– És discípulo dEle?
– Ó homem, não sou.
A conversa se reata de contínuo a esta segunda mentira. Pedro viu nesta apenas um
expediente para alcançar o seu fim: não percebe que desce. Uma hora decorre.
No entanto, acabam de esbofetear Jesus; Pedro ouve tudo, está ao corrente, às zombarias recrudescem após esse ultraje, ri-se aquela gente ruidosamente da bofetada dada e recebida. A porteira atarefada vem, sempre curiosa, rondar em torno ao fogo, atraída sem dúvida por aquela algazarra. Reconhece Pedro.
– Eh! Diz ela; aqui está um que era discípulo dEle. E poderia acrescentar: Pediram-me
que o deixasse entrar.
– Tu estavas mesmo com Jesus de Nazaré? Pergunta diretamente a Pedro.
– Não, mulher, em verdade não sabes o que estás dizendo; eu, discípulo dEle?! Não vejo o que queiras dizer.
Era já demais, em verdade, Pedro, que mente com sempre maior descaro, sente que não poderá sustentar por muito tempo aquele papel. Retira-se, era prudente, e dirige-se para a porta, como para sair. O galo começava a cantar: poderiam ser duas horas da manhã.
A mulher percebeu o movimento do apóstolo: ela adivinha, penetra-lhe a fraqueza.
– Pois não; diz aos soldados, ele bem que era discípulo.
Os soldados então interpelam Pedro:
– Oh! Sim! És dos dEle; não és galileu? Basta te ouvir falar para te reconhecer o
sotaque. E além disto, acrescenta vitoriosamente um outro, eu te vi no horto, eu.
Ante esta dupla prova esmagadora, Pedro não pode prosseguir no seu sistema de
negação. Tornar atrás, confessar que mentiu, não o pode tão pouco. Irrita-se então,
começa a vomitar algumas imprecações que são mera explosão da sua cólera; depois,
das imprecações passa às blasfêmias, e acaba por estas palavras:
– Eu nem sequer conheço esse homem de quem me falais! – Oh! Pedro!
Pela segunda vez o galo cantou.
Nesse momento Jesus saía da sala para ir rematar dolorosamente a Sua noite no meio da criadagem e dos soldados. Passava a um canto do pátio; virou-se para Pedro e olhou-o.
A alma do apóstolo transtornou-se: ele sai, chora, não cessará mais de chorar.
Assim, uma palavra de Jesus não pôde penetrar o coração de Judas, – Amigo, que
vindes fazer? – mas um olhar faz fundir-se o coração de Pedro. É o único consolo, aliás bem amargo, do Mestre, em meio àquela noite acerba, e quão caro é comprado!
Paremos um instante. Contemplemos Pedro a fugir na noite, sem saber aonde vai, com a alma liquefeita, coando-lhe pelos olhos; os soluços a estrangularem-lhe a garganta, e ele a repetir maquinalmente, – pois é o grito fatal de todo remorso que revolve incessantemente o dardo que feriu de morte – Eu nem sequer conheço esse homem de quem falais!... E contemplemos também Jesus na sala baixa, coberto com o molambo que Lhe lançaram no Rosto, de olhos cerrados, cheios de lágrimas, a repetir também, –
pois é o grito supremo da dor curvada sobre as próprias feridas – Eu nem sequer
conheço esse homem de quem me falais. Aí está com que os ocupar um e outro: Pedro todo o resto da vida, Jesus até à morte.
Porque foi que Pedro caiu? Foi simplesmente porque se expôs à ocasião? Não, ele se
devia a si mesmo, devia a Jesus Cristo o ir expor-se. Há perigos que devemos afrontar sob pena de covardia.
Será que ele não amava a Jesus Cristo?


A SUBIDA
DO
CALVÁRIO
Pelo
Padre Luís Perroy. S. J.
Editora Vozes
1957
IMPRIMATUR
Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra,
Bispo de Petrópolis, Frei Desidério Kalver-Kamp, O.F.M Petrópolis, 19-11-1957.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Oficio da Imaculada Conceição

Via Sacra - Irmã Kelly Patrícia

Mistérios da Dor


Os Evangelhos dão grande relevo aos mistérios da dor de Cristo. A piedade cristã desde sempre, especialmente na Quaresma, através do exercício da Via Sacra, deteve-se em cada um dos momentos da Paixão, intuindo que aqui está o ápice da revelação do amor e a fonte da nossa salvação. O Rosário escolhe alguns momentos da Paixão, induzindo o orante a fixar neles o olhar do coração e a revivê-los. O itinerário meditativo abre-se com o Getsémani, onde Cristo vive um momento de particular angústia perante a vontade do Pai, contra a qual a debilidade da carne seria tentada a revoltar-se. Ali Cristo põe-Se no lugar de todas as tentações da humanidade, e diante de todos os seus pecados, para dizer ao Pai: « Não se faça a minha vontade, mas a Tua » (Lc 22, 42 e par). Este seu “sim” muda o “não” dos pais no Éden. E o quanto Lhe deverá custar esta adesão à vontade do Pai, emerge dos mistérios seguintes, nos quais, com a flagelação, a coroação de espinhos, a subida ao Calvário, a morte na cruz, Ele é lançado no maior desprezo: Ecce homo!
Neste desprezo, revela-se não somente o amor Deus, mas o mesmo sentido do homem. Ecce homo: quem quiser conhecer o homem, deve saber reconhecer o seu sentido, a sua raiz e o seu cumprimento em Cristo, Deus que Se rebaixa por amor « até à morte, e morte de cruz » (Fl 2, 8). Os mistérios da dor levam o crente a reviver a morte de Jesus pondo-se aos pés da cruz junto de Maria, para com Ela penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem e sentir toda a sua força regeneradora.


CARTA APOSTÓLICA ROSARIUM VIRGINIS MARIAE DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO AO CLERO E AOS FIÉIS SOBRE O ROSÁRIO
INTRODUÇÃO


terça-feira, 26 de março de 2013

Não coloque regras para se aproximar de Deus

 
As três parábolas da misericórdia
Que ao ler essas três passagens, que o amor de Deus invada seu coração de uma foram diferente, não coloque regras para se aproximar de Deus, apenas se entregue, se abandone... Que possamos meditar nessas leituras e tentar entender esse amor incondicional de Deus por cada um de nós, mesmo quando estamos perdidos.
Todos os publicanos e pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam: "Esse homem recebe os pecadores e come com eles!" 3Contou-lhes, então, esta parábola:

A ovelha perdida — "Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E achando-a, alegre a coloca sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!' Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.
A dracma perdida — Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas e perder uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la? E encontrando-a, convoca as amigas e vizinhas, e diz: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma que havia perdido!' Eu vos digo que, do mesmo modo, há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrependa".

O filho perdido e o filho fiel: o "filho pródigo — Disse ainda: "Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: 'Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados'. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho'. Mas o pai disse aos seus servos: 'Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!' E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: 'É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde'. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: 'Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!' Mas o pai lhe disse: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!'"
Bíblia de Jerusalém Evangelho de João 15, 1-32

segunda-feira, 25 de março de 2013

Apelos de amor perdidos

Antes de entrar em Jerusalém, no primeiro dia da Semana Santa, Jesus, detendo-se na ladeira do monte das Oliveiras, contemplou o espetáculo da Cidade Santa brilhando ao sol do amanhecer. Uma golfada de dor invadiu-lhe a alma, e seus discípulos viram cintilar lágrimas sobre
a sua face: Contemplou Jerusalém – diz São Lucas – e chorou sobre ela (Lc 19, 41).
Detenhamo-nos sobre essas lágrimas, pois elas nos falam. O Evangelho dá-nos todos os elementos para que possamos saber qual foi a sua causa e a sua significação. É certo que Jesus chorou naquela hora prevendo a destruição de Jerusalém, que no ano 70 seria arrasada pelas milícias romanas de Tito; mas não foi essa destruição – virão sobre ti dias em que os teus inimigos [...] te destruirão a ti e aos teus filhos (Lc 19, 43-44) – a razão principal das lágrimas de Jesus. É também verdade que Cristo sentiu uma dor profunda pela dureza de coração dos habitantes da
Cidade Santa, que o haviam rejeitado e, naquela mesma semana, o arrastariam para a Cruz:
Jerusalém, Jerusalém
– dirá dois dias depois, no Templo –, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados (Mt 23, 37). Contudo, quem lê atentamente o Evangelho vê que também não foi esta a principal causa da sua comoção.
No monte das Oliveiras, olhando para a cidade, Cristo iniciou um pranto que completaria na terça-feira no Templo. Revelou em ambos os momentos a sua dor, pronunciando palavras explícitas. No domingo, ao mesmo tempo que prorrompia em lágrimas, exclamou: Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas não, isto está oculto aos teus olhos (Lc 19, 42). Na terça-feira, acrescentou: Jerusalém, Jerusalém [...], quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a tua casa ficará vazia (Mt 23, 37-38).
Guardemos bem, do conjunto dessas palavras, três expressões: Se conhecesses o que te pode trazer a paz, quantas vezes eu quis [...], e tu não quiseste, e a tua casa ficará vazia; porque nelas se revela a razão dessas lágrimas de Cristo. Por elas compreendemos que Cristo estalou de dor em Jerusalém porque previa antecipadamente outra dor, outra tristeza enorme para a qual muitos
homens e mulheres se encaminhavam e se encaminham também hoje cegamente: ...isso está oculto aos teus olhos.
Jesus sentia doerem-lhe na alma todos aqueles que, iludindo-se a si mesmos, julgam que só poderão alcançar a felicidade defendendo-se de Deus, isto é, esquivando-se à carga amável dos mandamentos de Deus e da sua graça; todos aqueles que se enganam imaginando que é possível realizarem-se à margem de Deus e contrariando os seus planos. É bem provável que só venham a abrir os olhos quando se lhes tornar evidente, com tristeza amarga, que “a sua casa ficou vazia”.
Não há dúvida de que havia muitos com este coração mesquinho em Jerusalém. As páginas do Evangelho apresentam um retrato especialmente vivo dos escribas e fariseus hipócritas (cfr. Mt 23, 13) – e a turba dos seus sequazes –, que se iam opondo num crescendo cada vez mais virulento à pessoa e à doutrina de Cristo, porque chamava à conversão, à autêntica pureza de vida. Tinham começado com insinuações difamatórias – mostrando-se escandalizados porque Jesus comia com os
pecadores
(cfr. Mt 8, 11) –, prosseguiram discutindo-lhe a doutrina e armando-lhe ciladas com perguntas insidiosas (cfr. Mc 2, 7; Lc 20, 21-22), e terminaram declarando insuportável o seu ensinamento (Jo 6, 60) e proclamando a necessidade de eliminá-lo sumariamente pelo bem do povo (Jo 11, 50).
Que acontecia, na realidade? Que a amorosa doutrina de Jesus, com as suas divinas
exigências, lhes perturbava o egoísmo aureolado de religiosidade, a ambição encoberta por aparências de zelo pelas coisas de Deus.
A esses “honestos” avarentos, cobiçosos, orgulhosos e sensuais, Cristo desmontava-lhes o disfarce de honradez com a sua mensagem de sinceridade, pureza, humildade, desprendimento e doação, que era para eles uma bofetada. Dura é essa doutrina – acabarão por bradar –, quem pode suportá-la? (Jo 6, 60). E os principais de Jerusalém, irritados com o povo mais simples, que se deixara cativar pelos milagres e pela pregação de Jesus, tentarão desmoralizá-lo, dizendo: Há acaso alguém entre as autoridades ou dos fariseus que acredite nele? Esse povoléu que não conhece a Lei é amaldiçoado... (Jo 7, 48).

Pe. Francisco Faus
Lágrimas de Cristo, lágriamas dos homens

domingo, 24 de março de 2013

A palavra a ser guardada




Arde dentro de cada um de nós o desejo de viver. Somos seres que tememos a morte, feitos que somos para a vida e a vida em plenitude. Desde os primeiros tempos em que andamos no seguimento do Senhor fomos nos dando conta que Jesus se nos apresentava como vida, aquele que dá a vida, que é caminho, verdade e vida, que é pão da vida, que veio nos trazer a vida em abundância, que chora a morte de Lázaro e diz que a menina que havia morrido apenas dormia. Ele esteve diante do mistério da morte de muitas pessoas segundo os relatos evangélicos. Quando o momento era propício ele colocava o sinal da reanimação de alguém que estava morto. Tudo apontava para sua paixão, morte e ressurreição.

Estamos nos aproximando da festa da Páscoa. Mais uma vez mergulharemos no mistério da ressurreição do Senhor. Jesus não queria a morte. Viu-se diante da necessidade de acolhê-la como se acolhe o negativo da vida. Não murmurou contra a eventualidade de morrer mesmo injustamente. Ao contrário, foi se dispondo a dar sentido à morte. Num determinado momento de sua caminhada estirando os braços no alto da cruz, experimentando abandono inominável, passou para a morte. Entregou o espírito. O Pai o arrancou da morte. Ele vive a vida de ressuscitado.

Nossa vida está escondida em Cristo. Não vivemos nós, mas é Cristo que vive em nós. Fomos mergulhados na morte de Cristo, pelo batismo. Convivemos com o ressuscitado que alimenta nossa caminhada particular e sobretudo a caminhada da Igreja. Muitas vezes sentamo-nos à mesa com Ele, esse que se disse o pão da vida… João, no evangelho hoje proclamado, afirma: “Em verdade, em verdade eu vos digo, se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. A Igreja vive em função de seu Mestre e alimentada por ele e sua Palavra. Nas celebrações litúrgicas, no canto do quarto estão sempre nos alimentando dessa Palavra que, acolhida boa semente, produz em nós copiosos frutos. Aqueles que, ao longo das estações de suas vidas, no sol e na chuva, nos momentos de alegria e nos instantes de preocupação ouvem o Senhor sabem, pela fé, que suas vidas se revestem de força e, na penumbra desta existência, não temem a morte do corpo porque carregam em seus corpos germes da vida daquele que ressuscitou dos mortos e nos deu a vida. 

sábado, 23 de março de 2013

Terço das Dores



Oração Inicial:
"Virgem Dolorosíssima , seríamos ingratos se não nos esforçássemos em promover a memória e o culto de Vossas Dores. Vosso Divino Filho tem vinculado à Devoção de Vossas dores, particulares graças para uma sincera penitência , oportunos auxílios, e socorros em todas as necessidades e perigos. Alcançai-nos ,Senhora, de Vosso Divino Filho, pelos méritos de Vossas Dores e Lágrimas, a Graça...(pede-se a graça). Amém.

Nas três primeiras contas:

"Pai Nosso, 3 Ave-Marias , Glória
Contempla-se os mistérios
SETE MISTÉRIOS. (Dores de Nossa Senhora na terra).
1º A espada a transpassar a Alma- Conforme a profecia do Velho Simeão, no Templo.
Ó Magoada Senhora e Mãe Querida das Dores, vejo-vos com trêmulos braços apresentar o Vosso Filhinho, aos braços de Simeão, e em retorno , ouço este Santo velho dizer-Vos: "- A Tua Alma será Transpassada por uma grande Dor aguda!" Já começa a cumprir-se a profecia, por que ao ouvirdes estas palavras começais a sentir já a primeira lançada, que não sairá mais do Vosso Terníssimo Coração, enquanto estiveres na Terra... Reparti-a comigo, alcançando-me a grande dor de minhas culpas, que foram a causa de Vossas Dores...
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Evitarei hoje todas as faltas voluntárias, e nas horas de tentação, chamarei por Nossa Senhora...
2º A fuga da Sagrada Família para o Egito.
Virgem Santíssima e Mãe Querida das Dores, vejo-Vos sair apressada, apertando ao Seio Virginal Vosso Infinito Tesouro e correr terras estranhascom tantas fadigas, para O salvar da fúria do impio Herodes. Reparti comigo esta Dor, alcançando-me a Graça de fugir de todas as ocasiões de matar em minha alma, a Graça Divina, o fruto de Vossas Dores...
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Evitarei hoje, em honra desta Segunda Dor, todas as ocasiões de pecado, fugindo de todas aquelas pessoas que murmuram...
3º Nossa Senhora perde o seu Divino Filho por três dias.
Mãe Santíssima das Dores, Minha Dulcíssima Rainha, ouço os angustiados suspiros com que, por três dias contínuos debulhada em prantos, buscais o Vosso Amável Filho, sem que entre conhecidos e parentes tenhais novas Dele... Reparti comigo esta Dor Prolongada, alcaçando-me a dor de o haver tantas vezes perdido pelo pecado, e a Graça de nunca mais me apartar Dele até que (pelo Vosso Coração Imaculado, venha a)me unir a Ele para sempre no Céu.
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Pedirei hoje muitas vezes ao dia a Nossa Senhora, pelos méritos desta Terceira Dor, a Graça de fazer as minhas ações para a Glória de Deus...
4º O encontro com Nosso Senhor todo flagelado e carregando a sua pesadíssima Cruz nas costas.
Mãe Santíssima das Dores e minha Terna Senhora, escuto Vossos soluços por entre o tropel do povo e soldados, buscando o Vosso Jesus, e o encontrais aí Senhora! curvado debaixo do grande madeiro, esvaído de forças, lançando-lhes (aos Seus algozes) olhares de compaixão, que dobram a Vossa amargura ... Reparti comigo a Vossa arcebíssima Dor, alcançando-me a Graça de conhecer a malícia dos meus pecados, com que oprimi o ombro de Vosso Jesus, e o Vosso Terníssimo Coração...
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Em honra desta grande Dor de Nossa Senhora, eu rezarei hoje muitas vezes o ato de contrição, pedindo a Jesus crucificado, que por esta Dor de Sua Mãe, imprima em minha alma o horror ao pecado...
5º A bárbara crucificação e morte de seu Divino Filho.
Mãe Santíssima das Dores, minha Amabilíssima, que vejo neste momento! O Vosso Divino Filho alçado em uma Cruz, pendente de três cravos, morrer depois de três horas de uma tormentosa agonia ... Reparti comigo, Aflitíssima Mãe, a Vossa Dor, alcançando-me a Graça de morrer na santa amizade de Deus, e em Vossos Santíssimos Braçõs dizendo: "- Jesus e Maria , eu Vos dou o meu coração e a minha alma..."
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Em honra desta Dor de Nossa Senhora, farei hoje muitos atos de amor a Jesus e a Maria, invocando os merecimentos da Paixão e Morte de Jesus, ofertando-os ao Pai Eterno em desconto dos meus pecados e pedindo-Lhe, uma santa morte.
6º Nossa Senhora recebe em seus braços seu Filho inteiramente chagado e transpassado pela lança.
Ó Mãe, a mais amargurada de todas as mães, vejo-vos tomar o Vosso Divino Filho em Vossos Braçõs, mas Ele está Morto...Ó que imensa Dor! Sois aqui a Rainha dos Mártires! À Vossa Dor, não há dor que se possa igualar! É um imenso mar de amarguras... Reparti comigo a Vossa Dor, alcançando-me o dom das lágrimas , e a compaixão pelos sofrimentos do Vosso Divino Filho, meu Salvador... Fazei com que esta Vossa Dor penetre bem no íntimo de minha alma e me dê a fome de receber a Imaculada Comunhão.
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Durante este dia irei em espírito muitas vezes ao Calvário e alí, aos pés da Cruz, vendo Nossa Senhora com Jesus em Seus Braços, Lhe pedirei que me abrase em desejos da Sagrada Comunhão e me purifique nas Chagas de Jesus...
7º Nossa Senhora acompanha o seu Divino filho à sepultura.
Ó Mãe Querida das Dores, minha Mãe Dolorosíssima, chegou finalmente ao termo a Vossa Dor... O Vosso Coração transborda aqui de amarguras! Ficais na mais desolada viuvez... Reparti comigo esta Dor sem alívio, alcançando-me a Graça de viver suspirando pelo Céu, onde poderei contemplar a Jesus, já sem véus, e a Vós, Mãe Querida do Belo Amor...
Pai Nosso ... 7 Ave-Marias... Glória.
"Salve Ó Mãe dolorosa , Amparo dos filhos amados, dai-nos por Vossas Dores, a dor de nossos pecados."
RESOLUÇÃO: Pedirei hoje muitas vezes a Nossa Senhora, que por esta Dor, me desprenda das coisas da terra, e me dê o desejo do Céu...
Rezar Três Ave Marias em reverência às Lágrimas da Santíssima Virgem para lucrar as Indulgências concedidas pelos Sumos Pontífices, impetrando-lhe verdadeira dor de nossos pecados.
Oração final: 
"Dai-nos, Senhora a Graça de compreender o oceano de angústias, que fizeram de Vós a "Mãe das Dores", para que possamos participar de Vossos Sofrimentos, e Vos consolemos pelo nosso amor e nossa fidelidade. Choramos Convosco, Ó Rainha dos Mártires, na esperança de ter a felicidade de um dia nos alegrarmos Convosco no Céu... Perante a Vossa Clemência , nós Vo-lo pedimos, Senhor Jesus Cristo, interceda por nós, agora e na hora da nossa morte, a Bem-Aventurada Virgem Maria, Vossa Mãe, cuja Alma Santíssima foi transpassada por uma 'espada de Dor'... Por Vós Jesus Cristo, Salvador do mundo, que, com o Pai e o Espírito Santo, Viveis e Reinais por todos os séculos dos séculos... Amém.


http://www.mensageiradapaz.org/dores.html


QUAL DEVE SER A POSIÇÃO DAQUELES QUE VIVEM PARA DEUS EM
RELAÇÃO AO MUNDO?


A palavra é clara ao se referir ao nosso posicionamento em relação ao mundo – “já estais mortos”. Aqui não há lugar para dúvida, é fato comprovado pelo IML espiritual. Essa é uma linguagem usada para mostrar que não há mais como viver uma vida de duplicidade. Ou é Deus ou
é o mundo. Nesse caso é morte para o mundo e vida para Deus. Portanto é de nossa inteira responsabilidade olhar e cumprir o verso cinco: “mortificai, pois os vossos membros que estão sobre a terra”. Os membros do corpo continuam vivos, continuam tendo suas necessidades, mas cabe a nós administrar tudo isso fazendo o que é bom e rejeitando o que é mau. O que devemos rejeitar?
· A prostituição (adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo, relação sexual com
animais etc.),
· A impureza (no sentido moral: impureza proveniente de desejos sexuais, luxuria, vida devassa),
· O apetite desordenado (lascívia, sensualidade. Ex. roupa que dão forma exata dos órgãos genitais, decotes que mostram quase tudo..., mini e micro-saias que mostram quase tudo...),
· A vil concupiscência (desejo pelo que é proibido, desagradável, injurioso, pernicioso, destrutivo, venenoso, tratar mal, oprimir, incomodar),
· A avareza (desejo ávido de ter mais, cobiça, apego ao dinheiro, que é uma forma de idolatria).
2 - Despojo, v. 8 – despojar significa “colocar de lado, tirar do caminho, remover”. Vamos ver o que precisamos tirar do nosso caminho:
· A ira (raiva, disposição natural, mau humor),
· A cólera (indignação, paixão, raiva, fúria, ira que ferve de forma imediata e logo se acalma outra vez),
· A malícia (maldade, depravação, que não se envergonha de quebrar a lei – como diz o outro: “não to nem aí”),
· A maledicência (calúnia, difamação, discurso injurioso contra o bom nome de alguém),
· As palavras torpes (palavra suja, discurso obsceno ou baixo, vergonhoso, desprezível,
desonroso),
· A mentira (mentir, falar falsidades deliberadas, num sentido amplo: tudo que não é o que parece ser) 
Estamos dentro de um contexto sócio-cultural que nos apresenta muitos motivos para sermos envolvidos por essas coisas, mas vamos “colocar de lado, tirar do caminho, remover” tudo aquilo que compromete a vida de santidade, pois qualquer mancha pode ser uma fatalidade. A igreja é comparada a uma noiva, e você já imaginou a noiva se apresentando ao noivo com um vestido que acabou de ser manchado na porta do carro ou da igreja. Jesus é o nosso libertador, Jo 8:32, 36.
Conclusão: Como purificará o jovem o seu caminho? Observando segundo a Palavra de Deus, Sl 119:9. Não deixe para amanhã o comprometer-se com a santidade, pois Ec 11:9 afirma “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas”. Portanto, “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que
venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec 12:1).
Nosso lema a partir de hoje deve ser “santidade ao Senhor – em todo o tempo e em todas as
coisas!”

ASPECTOS DE UMA VIDA DE SANTIDADE

Livra do peso dos nossos pecados.

  Afrouxa os laços de nossas impiedades e nos livra do peso dos nossos pecados. Tem piedade de mim, ó Senhora, e cura minha doença. Tira a a...