quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Em que momento a pessoa perde a alma?

 WOMAN,CEMETERY

A história da mulher que encontrou uma caverna cheia de tesouros e uma reflexão sobre a salvação eterna

Esta pergunta pode ter dois sentidos: não sei se o leitor pergunta pela perda ou morte da alma, da vida espiritual, ou se pergunta pelo momento da morte corporal ou biológica.

No caso da morte corporal ou biológica, o que se verifica é somente o cessar da atividade cerebral (fundamento da alma racional), causada muitas vezes pela interrupção do funcionamento dos órgãos vitais.

Em que momento exato isso acontece? Como verificar os sinais? A morte biológica é uma dissolução. E o momento de tal dissolução não é diretamente perceptível; então, a questão é identificar os sinais.

A constatação e interpretação destes sinais não compete à fé nem à moral, mas sim à ciência médica. Corresponde ao médico dar uma definição clara e precisa da morte e do momento em que ela ocorreu.

De qualquer maneira, a fé cristã afirma a persistência, para além da morte, do princípio espiritual do ser humano. A fé alimenta no cristão a esperança de “reencontrar” sua integridade pessoal (espírito, alma, corpo) transfigurada e definitivamente possuída em Cristo (cf. 1 Cor 15, 22).

No caso da morte da alma, uma coisa é certa: a única maneira pela qual se pode perder a alma é o distanciamento pleno e definitivo de Deus devido ao pecado grave ou mortal, o que se conhece como morte espiritual ou, o que é a mesma coisa, a perda da vida de Deus em nós, a perda da graça santificante.

Jesus disse: “Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?” (Mc 8, 36-37). Com estas palavras, o Senhor nos adverte sobre o objetivo central da nossa existência: a salvação.

O mundo e os bens materiais nunca são um fim último para o homem, nem sequer o bem temporal – que os cristãos têm a obrigação de buscar.

“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis.” (Catecismo da Igreja Católica, 1861)

Recordemos que “Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 18, 23).

Existe um conto interessante a propósito disso: uma mulher pobre, com seu filho pequeno no colo, passava na frente de uma caverna quando escutou uma voz misteriosa que lhe dizia lá de dentro: “Entre e pegue tudo o que você quiser, mas não se esqueça do principal. Depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto, aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do mais importante”.

A mulher entrou toda trêmula na caverna e lá encontrou muito ouro e pedras preciosas. Então, fascinada pelas joias, colocou seu filho no chão por um instante e começou a pegar, ansiosamente, tudo o que coube no seu avental.

De repente, a voz falou outra vez: “Restam-lhe apenas cinco minutos”. A mulher, apressada, continuou pegando tudo o que podia. Finalmente, carregada de ouro e pedras preciosas, correu e chegou à entrada da caverna, quando a porta já estava se fechando. E então a porta se fechou.

Nesse momento, a mulher se lembrou de que seu filho havia ficado dentro da caverna. Mas a porta já estava fechada para sempre! A alegria da riqueza desapareceu imediatamente, e a angústia e o desespero a fizeram chorar amargamente.

Temos alguns anos para viver neste mundo e quase sempre deixamos de lado o principal! O que é essencial nesta vida? Deus, sua vida de graça, seus valores morais e espirituais, a família, os filhos, a harmonia com Deus e com o próximo.

É triste ver que muitos arriscam sua salvação eterna e sua própria felicidade aqui na terra por coisas que não têm valor algum. De que adianta viver somente para satisfazer todas as ambições humanas? De que adianta ter tudo e esquecer de Deus, se tudo vai acabar, se tudo vai afundar e pode levar à perda de Deus para sempre?

Enquanto peregrinamos nesta vida, temos a esperança de recuperar a vida de Deus em nós. Cada um sabe se perdeu ou não sua vida ou alma espiritual. Se a perdeu, sabe também quando isso aconteceu. Mas é Deus, no juízo final, quem confirmará isso.

Recordemos que a vida passa rápido demais e a morte biológica chega de surpresa, inesperadamente. Quando a porta desta vida se fechar para nós, não adiantará nada lamentar-se. Pensemos nisso por um momento e não desperdicemos este convite de Deus.


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Qual é a diferença entre vida espiritual e vida racional?

 

O espírito é imortal, mas a vida racional acaba com a morte cerebral, ainda que os órgãos vitais possam continuar funcionando mecanicamente

(Este texto complementa a resposta dada no artigo “Em que momento a pessoa perde a alma?“)

Jesus disse: “Eu vim para que as tenham vida, e vida em abundância” (cf. Jo 10, 10) e “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (cf. Jo 14, 6). Em outras palavras, Jesus é vida e dá a vida. Mas que tipo de vida? A vida espiritual, a vida sobrenatural, que é a riqueza, força e vida do nosso espírito.

Quem não recebe Jesus ou a graça santificante (a vida sobrenatural), não tem vida espiritual; só tem vida física, sustentada pela vida ou alma racional.

Nosso espírito ou vida espiritual, que é imortal, é algo muito diferente da nossa vida racional, que termina com a morte cerebral, ainda que os órgãos vitais possam continuar funcionando mecanicamente.

São Paulo nomeia os três elementos do ser humano em 1 Tessalonicenses 5, 23: espírito, alma e corpo.

A Bíblia utiliza o termo “psyché”, “alma”, como a condição vivente do corpo. Alguns traduzem a ‘”psyché” bíblica simplesmente como “vida”.

Recordemos que todos os seres vivos, pelo fato de estarem vivos, têm algo que os anima: são seres animados. Os animais têm vida irracional, as plantas têm vida vegetal e os seres humanos têm vida racional.


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Como Jesus acalma nossos medos?

 Christ in Gethsemane

Cristo toca, se envolve, motiva e nos dá paz, com seu poder que vence a dor e a morte

Jesus nos dá luz, faz-nos vencer o medo. Muitas vezes ele se aproxima dos discípulos que têm medo, porque não controlam a situação, porque não sabem o que fazer. Jesus sempre se aproxima da pessoa. Não espera. Toma a iniciativa, aproxima-se e se envolve com a vida dos homens. Ele se fez Homem para aproximar-se, não para isolar-se do mundo.

Mas, além de aproximar-se, Ele nos toca. Jesus toca em muitos momentos da vida. Toca o doente, o ferido, o moribundo. Toca e cura, dá a vida, devolve a saúde. Tocar é um gesto muito próprio do Senhor. Ele sempre toca. Impõe as mãos, levanta quem caiu, carrega o doente. Quem toca se envolve.

Jesus toca para acalmar os discípulos. É um gesto de carinho, de compreensão. É como se Ele estivesse lhes dizendo que não vai abandoná-los, que estará sempre ao seu lado.

Também lhes pede que se levantem e que não temam. Jesus pede isso a nós também. Quer que nos levantemos, que estejamos dispostos a dar a vida, corajosos, vencendo o temor. Não quer que tenhamos medo da vida, da entrega, do caminho.

Mas a verdade é que o medo é forte. Tudo o que não controlamos e desconhecemos nos assusta. Temos medo da morte e da doença. De fracassar e perder. Temos medo de que os sonhos se desmoronem, que o rumo da nossa vida mude subitamente por algum motivo incontrolável.

Claro, estas palavras são para nós que vivemos com medo. Jesus nos toca hoje e nos diz: “Não tema, levante-se”. Quer que vamos com Ele, de mãos dadas, até onde Ele quiser. Quer que não nos assustemos ao pensar no futuro e que saibamos caminhar ao seu lado sem mais proteção.

O temor pode chegar a paralisar-nos. É necessário, então, confiar no poder de Cristo. Bento XVI dizia: “Só o poder que está sob a bênção de Deus pode ser digno de confiança. Jesus tem esse poder enquanto ressuscitado, isto é, este poder pressupõe a cruz, pressupõe a morte. Pressupõe o outro monte, o Gólgota, onde morreu pregado na cruz, escarnecido pelos homens e abandonado pelos seus. O Reino de Cristo é diferente dos reinos da terra e do seu esplendor”.

É o poder daquele que vence a dor e a morte, daquele que dá paz à alma. Cristo vivo, ressuscitado, nos dá seu poder e sua paz.

Em seu poder nós podemos confiar. Mas como nos custa confiar no Senhor! Seu poder não é reconhecível, não podemos tocá-lo. Não distinguimos sua mão protegendo e tocando, não percebemos seu abraço consolador. Sentimo-nos sozinhos no meio da batalha e então o medo nos invade. Onde está sua vitória?

Sua forma de vencer não é a nossa. A sua vem da pobreza e do invisível, de onde o homem não pode se gloriar do seu próprio poder, onde suas forças não alcançam e ele experimenta a fraqueza. Lá, no Gólgota, encontra-se o caminho da vida.


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Oração para os momentos em que você não sente Deus

 

Quando a vida espiritual está difícil e seca como o deserto, o melhor caminho ainda é dirigir-se a Deus

Abbà, meu Pai,
Vós vos escondestes
na escuridão que há após a luz.
O sorriso do vosso Filho
se desvanece da minha memória
e o vento do vosso Espírito
é agora uma leve brisa que mal sinto.
Tudo o que me resta é matéria e forma,
ícones e palavras.
Sinto-me como o inverno
que vejo pela janela do meu coração.
Minha alma passa por este inverno.

Abbà, meu Pai,
eu ainda creio em Vós.
Ainda combato convosco,
mesmo sabendo que perderei a batalha.
Mas batalharei até entrar no vosso reino,
segundo seu Filho nos disse.
Enviai o vosso Espírito
e derretei o inverno da minha alma
rumo a uma nova primavera.

Eu vos peço esta graça, Abbà,
no doce nome do vosso Filho Jesus.
Amém.

(Vivificat)

Livra do peso dos nossos pecados.

  Afrouxa os laços de nossas impiedades e nos livra do peso dos nossos pecados. Tem piedade de mim, ó Senhora, e cura minha doença. Tira a a...