1. Introdução
O Espírito Santo indica o objetivo da oração e
como se deve orar. Ele sonda as profundezas de Deus, toma as coisas de Cristo e
as revela. O Espírito é Deus, comunhão com Deus Pai e Deus Filho, e os três são
um só Deus. Ele é o poder que opera em todos. Ele é quem une os corações em
oração.
A oração pode acontecer de diversas formas, de
acordo com as intenções, sentimentos e necessidades do orante e, também, com as
moções do Espírito Santo.
2. A oração de louvor
O louvor exprime uma relação fundamental do homem
com Deus. O louvor reconhece que Deus é Deus! “Canta-o pelo que Ele mesmo é,
dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É. Participa da
bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória.
Por ela, o Espírito se associa ao nosso espírito para atestar que somos filhos
de Deus, dando testemunho do Filho único em quem somos adotados e por quem
glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as leva
Àquele que é sua fonte e o termo final”.[1]
Louva-se a Deus porque Ele é: Onisciente,
Onipotente, Onipresente! Ele criou os céus e a terra, e tudo o que neles há!
Ele é grandioso! Ele é glorioso! Ele é Santo! Ele é justo! Ele é amoroso! Todo
fiel deve lembrar-se das graças que recebe e louvar a Deus. Ele deu Seu
Espírito Santo a fim de que todos possam viver uma vida santificada. Ele cura!
Livrou o homem da morte e do inferno e lhe deu a vida eterna. Por isso se deve
louvar a Deus! Sempre haverá motivos para louvá-Lo.
O homem foi criado para o “louvor da glória de
Deus” (cf. Ef 1, 14b). “É por isso que Davi diz muito acertadamente: ‘Louvai o
Senhor, pois o Salmo é uma coisa boa: a nosso Deus, louvor suave e belo!’ E é
verdade. Pois o Salmo é bênção pronunciada pelo povo, louvor de Deus pela assembléia,
aplauso de todos, palavra dita pelo universo, voz da Igreja, melodiosa
profissão de fé...”.[2]
3. Oração de ação de graças
“A ação de graças caracteriza a oração da Igreja que,
celebrando a Eucaristia, manifesta e se torna mais aquilo que ela é”.[3]
A ação de graças é uma expressão de humildade pessoal e uma forma de respeito e
reverência. Quando o fiel agradece com sinceridade, torna-se mais consciente da
grandeza de Deus.
Um coração agradecido é capaz de transformar todo
acontecimento em oferenda. Quaisquer que sejam as circunstâncias dá graças a
Deus por elas.
4. Oração de adoração
A adoração é a primeira atitude do homem que se
reconhece criatura diante do seu Criador. É o silêncio respeitoso diante de
Deus “sempre maior”. A adoração do Deus três vezes Santo e sumamente amável
enche o homem de humildade.
Adorar é reconhecer
que Deus é Senhor, Pai, Criador, Salvador; que é grande, bom, poderoso,
misericordioso. Adora-se somente a Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
adora-se a Jesus porque é Deus, seu Corpo, seu Coração, suas Chagas, Jesus na
Cruz e na Eucaristia.
A adoração
pode ser com palavras, como S. Tomé ao ver Jesus Ressuscitado: “Meu Senhor e
meu Deus!” (cf. Jo 20, 28) A adoração pode ser com gestos, como se prostrar de
rosto em terra ou de joelhos. A adoração pode ser em silêncio, como Maria,
perfeita adoradora, que “guardava tudo em seu coração” (Lc 2, 51). Deus busca
adoradores em espírito e em verdade (cf. Jo 4,23).
5. A oração em
línguas
A razão e a intuição humanas limitam a oração. Com
a ajuda do Espírito Santo, ela passa a ser uma oração que dá frutos. O orante
empresta sua voz ao Espírito Santo e Ele lhe dá o tom e a forma. É o que se
chama de oração no Espírito ou oração em línguas, que nasce das profundezas de
Deus e se expressa “em gemidos inefáveis” (cf. Rm 8, 26) ou em louvor e
adoração, conforme o Espírito introduz na necessidade do momento.
O cântico em línguas é uma expressão de louvor. É dom
de Deus. O verdadeiro cântico em línguas sai do coração e vai além das palavras
humanas. Muitas vezes é o que resta ao orante nos períodos de purificação e de
dificuldade espiritual.
Numa assembléia de oração, o Espírito Santo pode
levar a um louvor coletivo em línguas para, entre outras coisas, abrir o
coração dos presentes à escuta da palavra profética.
6. Oração de escuta
A oração de
escuta é uma atitude de fé expectante. Faz parte da permanência em Deus, do
colóquio interior da alma com Deus, da busca de um discernimento daquilo que se
apresenta no coração do homem. A verdadeira escuta é o acolhimento da
inspiração do Espírito Santo, esclarecendo, revelando, orientando conforme a
necessidade. A pessoa que vive constantemente na presença do Senhor sabe
distinguir Sua voz das outras vozes interiores, que muitas vezes levam à distração
e ao desvio da verdade. “E as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz” (cf.
Jo 10, 46). “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem” (Jo 10, 27).
7. Oração de súplica
Suplicar é
pedir a Deus por uma necessidade pessoal ou comunitária. As Escrituras mostram
que Deus deseja que os seus filhos lhe façam pedidos: “Não tendes, porque não
pedis” (Tg 4, 2). “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será
aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate,
abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus,
sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas
coisas aos que lhe pedirem” (Mt 7, 7-12).
O fiel deve
pedir a Deus com muita honestidade. A atitude básica para uma oração madura de
súplica é a de entrega do pedido a Deus para que a vontade d’Ele seja feita. É
a mesma atitude de Jesus diante da Sua Paixão: “Não se faça o que eu quero, mas
sim o que Tu queres” (Mt 26, 39).
Na súplica sincera e
amadurecida, deve haver também o desejo profundo de que Deus receba toda
glória. “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa,
fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10, 31). “Orai em toda circunstância,
pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os
cristãos” (Ef 6, 18).
8. Oração de entrega
“Entrega
teu caminho ao Senhor, confia nEle, e ele agirá” (Sl 36, 5). A oração de
entrega implica em estabelecer um compromisso sério com o Senhor, evitando-se
afirmações vagas. É uma oração sábia. Em três curtas frases, observando o
sentido dos três verbos, dedica-se ao Senhor a pessoa de maneira total e plena:
a)
“Entrega teu caminho ao Senhor” - o ato da entrega, leva a um despojamento
total, à mesma atitude de Jesus na Cruz (cf. Lc 23, 46); é uma decisão definida
e específica, implica não somente em entregar, mas deixar nas mãos de Deus.
Fazer a entrega não é fácil, mas deixá-la ali é ainda mais difícil; entretanto,
é necessário confiar.
b)
“Confia nele” - confiar na palavra de Deus e ter a certeza que esta palavra
será cumprida (cf. Mc 11, 24). Deus chama atenção para a necessidade de que o
fiel creia quando ora, tomando uma posição definida de fé. A fé não pode ser
apenas uma disposição mental de crer, ela tem que estar fundamentada na
promessa de Deus.
c) “Ele agirá” – orando
deste modo, a resposta de Deus virá e o fiel poderá dar inúmeras ações de
graças a Ele.
9. Oração de
intercessão
As Escrituras
animam a interceder uns pelos outros. “Não cessamos de orar por vós” (Cl 1, 9).
“Orai uns pelos outros” (Tg 5, 16). “Pois sei que isso me resultará em
salvação, graças às vossas orações e ao socorro do Espírito de Jesus Cristo”
(Fl 1, 19).
Paulo muitas vezes encorajou a Igreja a rezar também por ele. Ele
conhecia os benefícios da oração. A oração de intercessão traz bênção, proteção
e crescimento espiritual.
Deus procura
intercessores: “Tenho procurado entre eles alguém que construísse o muro e se
detivesse sobre a brecha diante de mim, em favor da terra, a fim de prevenir a
sua destruição, mas não encontrei ninguém” (Ez 22, 30). Interceder é pedir a
Deus que aja na vida de outra pessoa (cf. Tg 5, 16).
Quando o fiel
não sabe como orar, o Espírito Santo vem em seu auxílio, intercedendo através
dele “com gemidos inefáveis”, numa oração perfeita, pois é o próprio Deus que
sabe o que é necessário e ora em seu favor (Rm 8, 26-27).
Todos são chamados a interceder. A intercessão
leva à consolação do coração de Deus. Unido a Jesus, o verdadeiro e único
Intercessor perfeito diante do Pai, o intercessor participa de seu sofrimento e
consola sua dor.
O intercessor é um intermediário junto de Deus. Toda a vida e morte de
Jesus foi em favor dos homens. Na cruz, antes do último suspiro, Ele
intercedeu: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).
“Acima de tudo, recomendo que se façam preces,
orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos
o que estão constituídos em autoridades, para que possamos viver uma vida calma
e tranqüila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de
Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2, 1-3).
Interceder por
alguém é entrar em território usurpado pelo inimigo e resgatar alguém para
Deus. Por isso, a intercessão é muitas vezes uma batalha espiritual, para a
qual deve-se estar preparado com o auxílio da oração pessoal, dos sacramentos e
do jejum. “Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lugar, mas
contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6, 12).
A intercessão exige, também, insistência e perseverança até obter a
resposta. “Por acaso não fará justiça aos seus escolhidos, que estão clamando
por Ele dia e noite? Porventura tardará em socorrer?” (Lc 18, 7).
A oração tem o poder de transformar tudo, inclusive o curso da história.
A Bíblia apresenta vários exemplos de intercessão:
- Gn 18,23-33 – intercessão de
Abraão por Sodoma.
- Ex 32, 11-14 – Moisés intercede
em favor dos israelitas que haviam feito o bezerro de ouro.
- Dn 9, 1-19 – intercessão de Daniel para que Deus libertasse
seu povo da Babilônia.
10. Oração de cura
Deus quer que
todos os homens sejam curados, que sejam saudáveis de corpo, mente e espírito.
A obra da salvação realizada na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus foi para
que o homem fosse salvo, curado, em todas as áreas de sua vida.
O perdão, que
é a chave da cura, atinge a raiz de várias enfermidades, por isso, uma boa
confissão (cura espiritual pelo perdão dos pecados) pode libertar uma pessoa de
traumas emocionais ou ser causa de cura de alguma doença física.
Jesus pregava
e curava. A unção messiânica que recebeu deu-lhe condições de realizar a
palavra do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque me
ungiu...” (Lc 4, 18). Esta mesma missão foi conferida aos 12 apóstolos, aos 72
discípulos e, depois, a todos os batizados: “Ide por todo mundo (...). Estes
milagres acompanharão os que crerem: (...) imporão as mãos aos enfermos e eles
ficarão curados” (Mc 16, 15-18).
Orar pelos
doentes foi mandato de Jesus. Para isso, a fé é um requisito importante: é
preciso acreditar que Jesus cura hoje, como curava na Galiléia e na Judéia.
Textos: Mt 19, 13; Mt 8, 3; Mt 8, 15; Mt 9, 27; Mc 8, 2.
Antes de orar
por alguém, é necessário perdoar a todos. Tem-se visto e experimentado na
Renovação Carismática o poder de Deus operando nas pessoas, curando e
libertando. “Sinais e prodígios acompanharão aqueles que crêem” (cf. Mc 16,
17). Todos os que crêem são, portanto, canais da graça de Deus para os irmãos.
11. Conclusão
São
muitas as formas de oração, todas elas necessárias ao crescimento espiritual do
fiel. No entanto, é o mesmo Espírito que move o orante no momento certo, para
que este receba e viva a graça de uma caminhada de oração em busca da
santidade.
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