Por Frei Almir R. Guimarães, OFM
Arde dentro de cada um de nós o desejo de viver. Somos seres que tememos a morte, feitos que somos para a vida e a vida em plenitude. Desde os primeiros tempos em que andamos no seguimento do Senhor fomos nos dando conta que Jesus se nos apresentava como vida, aquele que dá a vida, que é caminho, verdade e vida, que é pão da vida, que veio nos trazer a vida em abundância, que chora a morte de Lázaro e diz que a menina que havia morrido apenas dormia. Ele esteve diante do mistério da morte de muitas pessoas segundo os relatos evangélicos. Quando o momento era propício ele colocava o sinal da reanimação de alguém que estava morto. Tudo apontava para sua paixão, morte e ressurreição.
Estamos nos aproximando da festa da Páscoa. Mais uma vez mergulharemos no mistério da ressurreição do Senhor. Jesus não queria a morte. Viu-se diante da necessidade de acolhê-la como se acolhe o negativo da vida. Não murmurou contra a eventualidade de morrer mesmo injustamente. Ao contrário, foi se dispondo a dar sentido à morte. Num determinado momento de sua caminhada estirando os braços no alto da cruz, experimentando abandono inominável, passou para a morte. Entregou o espírito. O Pai o arrancou da morte. Ele vive a vida de ressuscitado.
Nossa vida está escondida em Cristo. Não vivemos nós, mas é Cristo que vive em nós. Fomos mergulhados na morte de Cristo, pelo batismo. Convivemos com o ressuscitado que alimenta nossa caminhada particular e sobretudo a caminhada da Igreja. Muitas vezes sentamo-nos à mesa com Ele, esse que se disse o pão da vida… João, no evangelho hoje proclamado, afirma: “Em verdade, em verdade eu vos digo, se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. A Igreja vive em função de seu Mestre e alimentada por ele e sua Palavra. Nas celebrações litúrgicas, no canto do quarto estão sempre nos alimentando dessa Palavra que, acolhida boa semente, produz em nós copiosos frutos. Aqueles que, ao longo das estações de suas vidas, no sol e na chuva, nos momentos de alegria e nos instantes de preocupação ouvem o Senhor sabem, pela fé, que suas vidas se revestem de força e, na penumbra desta existência, não temem a morte do corpo porque carregam em seus corpos germes da vida daquele que ressuscitou dos mortos e nos deu a vida.
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