São Maximiliano Maria Kolbe
Anteontem, o senhor N.N. me pôs a seguinte pergunta:“Normalmente, os bons sofrem, enquanto que, com frequência, os maus levam vida larga. Onde está a justiça?”.“Deus é infinitamente justo, verdade?”“Sim, claro”.“De outro modo não seria Deus. Por conseguinte, Ele tem que recompensar toda obra boa e castigar toda obra má. Nenhuma obra, nenhuma palavra, nenhum pensamento escapará do seu juízo.Atualmente, existe no mundo uma só pessoa, ainda que seja a pior de todas, que nunca faça algo bom?”.“Claro que não”.“Pois bem, ao menos alguma vez cada um cumpre bem seu próprio dever, ou mostra compaixão para com o próximo, ou consegue realizar alguma outra coisa boa. Se este homem viveu tão mal que, depois de sua morte, merece o inferno, quando Deus o recompensará por aquele pouco de bem que fez?… Quando?”“No outro mundo”.“Ali, porém, o espera só o inferno”.“Então neste…”“Ademais, existe acaso uma só pessoa, mesmo que seja a melhor de todas, que não tenha feito algum mal?”“Tampouco existe uma pessoa assim”“E é a verdade, já que ‘o justo cai sete vezes’ [Pr 24,16] ao dia. Por isso, se Deus quer abreviar-lhe o Purgatório ou conceder-lhe de imediato o Paraíso, quando terá lugar o ‘saldo da conta’?”“Ah, deve ser precisamente assim!…”“Deus manifesta um amor particular precisamente àqueles que castiga já neste mundo, pois no Purgatório só há um longo e pesado castigo, enquanto que, se aceitamos voluntariamente as cruzes neste mundo, mereceremos uma glória ainda maior no Paraíso. Daqui também o ditado: Deus ama àquele que faz sofrer”.Não se deve invejar, pois, àquelas pessoas más que desfrutam de uma vida feliz; estes, antes, deveriam temer que isso possa ser já a recompensa pelo pouco de bem que realizaram.
Fonte: Rycerz Niepokalanej, II-1924, ps. 19-20 | Milícia da Imaculada Brasil
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