Por Frei Almir R. Guimarães, OFM

Antes de sua paixão, no entanto, Jesus sobe a um monte e transfigura-se. Revela aos seus apóstolos sua verdade mais íntima: ele tem uma luminosidade que provém de Deus. Seu rosto é rosto de luz.
Cassiano Floristan, teólogo espanhol, assim descreve o episódio da transfiguração narrado pelos evangelistas: “A transfiguração é um relato de alento diante das desfigurações que constantemente se dão na vida. É uma glorificação da ressurreição final. É a contrapartida da tentação, o reverso da desfiguração. O relato da transfiguração significa a consagração de Jesus como Messias ou Cristo, como novo Moisés no monte de Deus e como segundo Elias que pronuncia e cumpre toda a profecia.
Os sinóticos situam a cena da transfiguração depois das tentações. Depois do deserto, a montanha; depois do obscurecimento, a glória; depois da solidão, a companhia; depois da noite escura, a visão mística. Transfigurar-se é transformar gloriosamente a figura deformada. O Cristo desfigurado da paixão se enche da glória da ressurreição. Para manifestar esta mensagem é preciso entender o “cume da montanha” como lugar de retiro e de oração; as vestes brancas como transformação pessoal; Moisés e Elias como as Escrituras proclamadas em comunidade; as tendas como sinal da presença de Deus; a “nuvem” como escuridão da vida; a voz como Palavra de Deus e o rosto resplendente de Jesus como gozo da glória de Deus”.
Há muitos rostos desfigurados. Há o rosto da mulher grávida que está para dar à luz e é abandonada pelo marido. Pensamos nos rostos desses operários que exercem tarefas insalubres a vida inteira. Contemplamos os rostos dos jovens e menos jovens drogados. Temos diante de nossos olhos tantos rostos dos que sofrem. A transfiguração do Senhor indica que esses rosto todos, um dia, colocando-se diante da luz do rosto de Cristo, haverão de transfigurar-se. T
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