sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Edith Stein e a Ciência da Cruz

A Igreja celebra hoje a festa de uma santa ainda não muito conhecida, uma mulher dotada de uma personalidade rica e fascinante: Santa Teresa Benedita da Cruz (nome que recebeu como religiosa carmelita), cujo nome de família era Edith Stein.
Edith nasceu em Breslau em 12 de Outubro de 1891, numa família judia. A cidade de Breslau, naquela altura, fazia parte do território alemão. Depois da segunda guerra mundial foi devolvida à Polónia, retomando o nome de Wrocław.
O que se pode realçar mais na vida desta santa do nosso tempo é a sua incessante busca da verdade, através do estudo da filosofia e também lançando mão dos conhecimentos da Lei de Moisés, que tinha recebido na sua infância. Essa busca levou-a a ler muitas obras filosóficas e ao contacto com filósofos célebres, como Husserl (de quem foi assistente na Universidade de Göttingen) e Max Scheler. Mas foi após a leitura, de um fôlego, da Autobiografia de Santa Teresa d’Ávila, que ela encontrou o caminho de vida que procurava.
Por sua vontade, foi baptizada na Igreja Católica no dia 1 de Janeiro de 1922. Continuou a sua vida como professora e escritora, até ser agregada às Irmãs Carmelitas, em 1933. Durante este período, vai-se desenvolvendo o seu trabalho intelectual e o aprofundamento da sua fé cristã, sem deixar de ter um profundo respeito pela fé da sua família e do seu povo judeu, que nunca renegou.
Pode-se considerar como sua obra-prima Ser finito e Ser eterno, quase uma nova ontologia, síntese de filosofia e mística. Se tivesse podido continuar os seus estudos e criar um movimento de pensamento, como estava em sua índole, talvez a pudéssemos colocar entre os maiores filósofos do século XX.
Teresa Benedita da Cruz teria outro caminho a percorrer, desde que começaram as perseguições nazis aos judeus. Foi chamada a traduzir na vida aquilo que tinha aprendido nos livros e na fé que recebeu de Deus. Acompanhou o seu povo no Holocausto, tendo sido presa na Holanda, pelas tropas alemãs, em Agosto de 1942 e enviada para o terrível campo de concentração de Auschwitz – Birkenau, na Polónia. Foi aí que ela aprendeu a melhor das ciências, a ciência da cruz (“Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo crucificado” – 1Cor 2, 2).
O título da sua última obra foi precisamente “A ciência da cruz” (Scientia Crucis). Esta ficou inacabada no papel, mas foi concluída na realidade de uma câmara de gás no campo de Auschwitz!

Segundo as palavras do Papa João Paulo II, Edith Stein traz em sua intensa vida uma síntese dramática de nosso século (1 de Maio de 1985). É assim que a devemos ver, como uma mulher de síntese. Alguns tentam utilizá-la como arma de arremesso para justificar traumas ainda não superados. Dizem que ela foi mártir por ser judia e não por ser católica. Nós dizemos que ela foi mártir por ser judia, cristã e mulher fiel a Deus, que foi descobrindo cada vez melhor na sua busca da Verdade. Foi vítima de um sistema no qual Deus não tinha lugar, compartilhando a sorte de tantos milhões de seres humanos. Por isso, deve ser admirada e imitada por judeus, cristãos e todos os que sinceramente procuram saciar a sua sede de Deus.
Fazemos nossas as palavras do mesmo Papa João Paulo II, pronunciadas a 11 de Outubro de 1998, dia da sua canonização:
«Edith Stein é para nós um exemplo e uma guia. Do misterioso projecto divino sobre a sua pessoa, no início também ela percebeu somente “poucos e suaves sons”, como de uma melodia que ressoava ao longe. Na escola da Cruz, estes sons compuseram-se entre si e tornaram-se sinfonia interior.
Graças à sua intercessão, possa também a nossa vida transformar-se numa harmoniosa sinfonia para louvor e glória de Deus».
 

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