MISTÉRIOS GOZOSOS
(segunda-feira e sábado)
Primeiro Mistério
A Anunciação do Anjo à Virgem Maria
Maria disse ao anjo: «Como será isso se eu não conheço homem?». O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer há--de chamar-se filho de Deus… porque nada é impossível a Deus».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra»
(Lc 1,34-35.38). A entrega de Maria representa o modelo radical da confiança em Deus, como a criança se lança incondicio-nalmente nos braços de seu pai.
Confiar é estar seguro das boas intenções e da rectidão de alguém, na certeza de não ser desiludido. Ao contrário, rodeados de pessoas em quem não podemos confiar, sentimo-nos incapazes de qualquer relação mais íntima.
Num mundo de insegurança e delinquência, recomendamos às crianças e aos adolescentes a maior prudência com os desconhecidos. Mesmo assim, é preciso ensinar-lhes a confiança, merecendo nós próprios a sua credibilidade e ajudando-os na descoberta de verdadeiros amigos.
Acreditando em tudo o que lhe foi dito porque vinha da parte do Senhor
, Maria leva-nos consigo: como ela, depositamos toda a nossa confiança n’Aquele que conhecemos pela fé. Como ela, levaremos connosco os irmãos, nomeadamente as crianças e os adolescentes, a quem daremos a conhecer o Senhor, o maior Amigo, em quem depositamos toda a nossa confiança.
Que, pela rectidão da nossa vida e o desempenho das nossas obrigações, manifestemos toda a confiança que colocamos em Deus, a quem nada é impossível.
Segundo Mistério
Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel
(Lc 1,39-40).
Para Maria, ir ajudar a sua prima que, já fora de idade, se encontrava grávida foi mais importante do que ficar concentrada na sua pessoa e na sua nova situação.
O fundamento do serviço desinteressado é o amor, e o seu maior impedimento é o egoísmo. Quem não sabe amar tampouco sabe servir.
Quando descobrimos que o amor não se circunscreve aos que nos estão ligados por laços de sangue mas deve estender-se a todos os filhos de Deus, compreendemos melhor a importância do testemunho dos que gastam a vida ao serviço dos mais necessitados. Quando vemos os exemplos de dedicação que nos dão os não crentes, tomamos mais consciência da nossa obrigação de cristãos, a quem o Senhor deixou como Mandamento Novo amar como Ele amou.
A família é, e deve ser cada vez mais, a primeira escola de serviço, a comunidade onde se aprende e pratica a gratuidade do amor e do serviço mútuo.
Por Maria, peçamos a graça de passar da família, primeira comunidade de dedicação e amor gratuito, à participação generosa na vida da Igreja e da sociedade, sem regatear uma presença fraterna junto dos mais necessitados.
Terceiro Mistério
O nascimento de Jesus em Belém
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens
(Fl 2,6-7). Jesus nasce na humildade de uma gruta, igual a tantos outros de que a história não fala, mas nem por isso a sua dignidade divina fica diminuída. Ao contrário, a nossa tendência é afirmar-nos importantes exibindo a diferença: maior riqueza, mais poder, situação social, beleza…
Apesar das proclamações históricas da igualdade de direitos e de dignidade de todos os homens, a desigualdade por critérios raciais, culturais e sociais mantém-se.
Têm-se reclamado leis e planos de desenvolvimento que venham ao encontro das populações mais pobres, mais participação cidadã na vida política, uma efectiva igualdade de oportunidades, o fim das discriminação entre homens e mulheres, o reconhecimento da família como elemento básico e estruturante da sociedade… tudo preocupações saudáveis.
Mas a primeira mudança tem que se operar em cada um: amar o outro como meu próximo, porque é, como eu, filho de Deus, alguém que o Senhor ama e destina a um lugar no céu. Mesmo nas circunstâncias mais dolorosas, é esta a dignidade comum, igual, de todos os homens. Desconsiderar uma pessoa — o que é diferente de discernir situações — é uma ofensa ao próprio Deus: no seu amor e a seus olhos, todos somos iguais e únicos.
Diante do menino Deus, em tudo igual a nós, menos no pecado, peçamos a justa
compreensão da nossa igualdade fundamental. Deus que a todos nos criou por amor e para o amor, e nos tornou seus filhos em Jesus Cristo, nos empenhe na defesa de todos os discriminados e excluídos.
Quarto Mistério
A apresentação de Jesus no Templo
Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-n’O a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor […]. Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão […].
Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus […]. Simeão tomou-O nos braços e bendisse a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação»
(Lc 2,22.25.28-30).
Simeão agradece ao Senhor ter visto a Salvação com que culmina a aliança que Deus celebrou com o seu povo. Uma aliança que prevaleceu sobre todas as infidelidades humanas, revelando a constância permanente do amor divino.
A gratidão é dos valores mais prezados. Por isso, aprendemos, desde crianças, a dizer “obrigado”. Agradecer a quem nos faz bem sem a isso estar obrigado é um acto de justiça.
Na linguagem popular, quando se diz “graças a Deus”, reconhece-se que todo o bem nos vem de Deus.
Graças Lhe sejam dadas. Quando alguém diz “Deus lhe pague”, deseja que seja Deus a gratificar o que, na sua humildade, se sente incapaz de retribuir devidamente.
E a Deus, como agradecer? Simeão bendisse o Senhor, considerando o que via superior a toda a sua vida. Maria exclamou: «A minha alma glorifica o Senhor, que fez em mim maravilhas». E o salmista proclamou: «Quero cantar ao Senhor enquanto viver, quero celebrar o meu Deus enquanto existir. Grato lhe seja o meu canto».
Manifestemos ao Senhor toda a nossa gratidão pelo seu amor sempre fiel, pelo seu Filho Jesus Cristo, pelas nossas famílias, por todos os homens nossos irmãos. Que os nossos corações a todos sejam gratos.
Quinto Mistério
A perda e o encontro de Jesus no Templo
Ao vê-l’O, ficaram assombrados e sua mãe disse-Lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!». Ele respondeu-lhes: «Por que Me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?». Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse.
Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração
(Lc 2,48-49).
Esta resposta de Jesus, algo estranha ante a inquietação de Maria e José, é, sem dúvida, intencional: Jesus quer declarar-lhes, sem rodeios, a responsabilidade que Lhe vem da sua condição divina.
Ser responsável é ser livre e saber usar a capacidade de optar. É ter consciência de que as opções feitas são boas para si e para os outros e resistir a pressões exteriores imediatas.
Assumir responsabilidades é algo que também se aprende e cultiva. Na família as relações profundas de comunhão e solidariedade processam-se na comparticipação de todos, segundo o modo e possibilidades de cada qual, na harmonia complementar do bem comum e do bem de cada um. Esta educação do sentido de responsabilidade e co responsabilidade, é um serviço precioso e único prestado pela família à pessoa, à Igreja e à sociedade.
Ser cristão é ser responsável na vocação, no projecto de vida, nas alegrias e sofrimentos quotidianos, na vida da Igreja e no crescimento do Reino de Deus, na construção comum de um mundo melhor. Para o casal cristão, é também ser responsável pela santificação do seu matrimónio e pela abertura à vida.
Que o Senhor nos ajude a superar as dificuldades e a ser cada vez mais responsáveis na família, na Igreja e na sociedade, até nos reunirmos com toda a humanidade na casa do Pai.
Pastoral Familiar
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