domingo, 15 de maio de 2016

Décimo quinto dia de meditação do mês de Maria

S. Maria Egipcíaca 15 a formação da moça católica
Por intermédio de Maria obtemos a graça da perseverança
Com as palavras dos Provérbios a nós se dirige Maria: Feliz aquele que me ouve e que vela todos os dias à entrada da minha casa (8, 34). Feliz quem escuta a minha voz e por isso está de alerta para vir sempre à porta da minha misericórdia, em busca de socorro e de luzes. Sem dúvida não deixará Maria de obter-lhe luzes e força para sair do vício e trilhar pela vereda da virtude. Pelo que graciosamente Inocêncio III lhe chama “ lua de noite, aurora de manhã, sol de dia”. É lua para quem está cego na noite do pecado, a fim de esclarecê-lo e mostrar-lhe o miserável estado de condenação em que se acha. É aurora, isto é, precursora do Sol para quem já está iluminado, a fim de o fazer sair do pecado e recuperar a divina graça. Para quem já está em graça é finalmente Sol, cuja luz o livra de cair em algum precipício.
Aplicam os Santos Doutores a Maria as palavras do Eclesiástico: Suas cadeias são ataduras de salvação (6, 31). Mas cadeias, por que? Pergunta Ricardo de S. Lourenço. Porque Maria prende os seus servos, para que não se desviem pela estrada dos vícios. Do mesmo modo explica Conrado de Saxônia as palavras que se encontram no ofício da Santíssima Virgem: “Na plenitude dos santos se acha a minha assistência” (Eclo 24, 16). Maria não só está colocada na plenitude dos santos, diz ele, mas também nela os conserva para que não tornem para trás; conserva-lhes as virtudes, a fim de que não diminuam; impede os demônios, para que não lhes façam mal.
Dos devotos de Maria diz-se que estão cobertos com dois vestidos. “Todos os seus domésticos trazem vestidos forrados” (Pr 31, 21). Maria, expõe Cornélio a Lápide, adorna os seus fiéis servos tanto com as virtudes de seu Filho, como com as suas, e assim revestidos conservam eles a santa perseverança. Desta forma explica este comentador quais são estes vestidos duplicados. S. Filipe Néri sempre admoestava os seus penitentes dizendo-lhes: Filhos, se desejais a perseverança, sede devotos de Nossa Senhora! S. João Berchmans, da Companhia de Jesus, dizia também: Quem amar a Maria terá perseverança. Bela é a reflexão que faz aqui o Abade Roberto, sobre a parábola do Filho pródigo a casa paterna, ou para ela regressara mais depressa do que voltou. Quer com isso dizer que um filho de Maria, ou nunca se aparta de Deus, ou se por desgraça o faz, logo para ele torna por meio de Maria.
Oh! Se todos os homens amassem essa tão benigna e amorosa Senhora, e se nas tentações sempre e sem demora recorressem a seu patrocínio, quem cairia jamais? Quem se perderia jamais? Cai e perece só quem não recorre a Maria. S. Lourenço Justiniano, aplicando à Virgem o texto do Eclesiástico: “Eu andei sobre as ondas do mar” (24, 8), fá-la dizer: Caminho com meus servos por entre as tormentas em que se acham, para assisti-los e salvá-los do pecado.
Quando nos vem tentar o demônio, escreve S. Tomás de Vilanova, não deixemos de fazer como os pintinhos, que, mal enxergam o gavião, correm logo a refugiar-se sob as asas da mãe. Logo que nos assaltam as tentações, sem discorrer com elas, refugiemo-nos depressa sob o manto de Maria. E vós, Senhora, deveis defender-nos, continua o santo; depois de Deus outro refúgio não temos senão vós, que sois nossa única esperança e protetora, em quem confiamos.
Concluamos, pois, com as palavras de S. Bernardo: “Homem, quem quer que sejas, já sabes que nesta vida vais flutuando mais entre perigos e tempestades, do que caminhando sobre a terra. Se não queres ser submergido, não apartes os olhos dos resplendores desta estrela. Olha para a estrela, chama por Maria. Nos perigos de pecar, nas moléstias das tentações, nas dúvidas do que deves resolver, considera que Maria te pode ajudar, chama logo por ela para que te socorra. O seu poderoso nome nunca se aparte do teu coração pela confiança, nem de tua boca para o entoares. Seguindo a Maria, não errarás o caminho da salvação. Quando te encomendares a ela, não desconfies; sustendo-te ela, não cairás. Protegendo-te ela, não temas perder-te; sendo tua guia, sem fadiga te salvarás. Em suma, pretendendo Maria defender-te, certamente chegarás ao reino dos bem-aventurados”.
EXEMPLO
Célebre é a história de S. Maria Egipcíaca, que se lê no Livro primeiro das Vidas dos Padres no deserto. Com doze anos fugiu ela da casa paterna e foi para Alexandria. Aí passou uma vida infame, e veio a ser o escândalo daquela cidade. Depois de passar 16 anos em pecados, foi peregrinando até Jesuralém. Celebrava-se então na cidade a festa da Exaltação da Santa Cruz. Movida antes pela curiosidade do que pela devoção, quis a pecadora entrar na Igreja. Mas no limiar da porta sentiu uma força invisível que a repelia para trás. Intentou segunda vez entrar e também foi repelida. O mesmo lhe sucedeu terceira e quarta vez. Então, encostando-se a miserável a um canto do pórtico da Igreja, foi iluminada para conhecer que, por sua má vida, Deus a tocava para fora da Igreja. Levantando depois os olhos, por felicidade sua, viu uma imagem de Maria que estava pintada no pórtico. Voltando-se para ela, disse-lhe entre lágrimas: Ó Mãe de Deus, tente piedade desta pobre pecadora. Bem vejo que pelos meus pecados não mereço que olheis para mim; mas sois o refúgio dos pecadores; por amor de Jesus, vosso Filho, ajudai-me. Fazei que eu possa entrar na Igreja, pois quero mudar de vida e ir fazer penitência aonde vós me ordenardes.
Ouviu então uma voz interna, como se a bem-aventurada Virgem lhe respondesse: Eia, já que a mim recorreste e queres mudar de vida, entra na Igreja, que já a sua porta não se fechará para ti. Entra a pecadora, adora a Santa Cruz e chora. Torna à imagem e lhe diz: Senhora, aqui estou pronta; para onde queres que me retire a fazer penitência? – Vai, respondeu-lhe a Virgem, para o Jordão e acharás o lugar do teu repouso. A pecadora confessa-se, comunga, passa o rio, chega ao deserto e aqui entendeu que era o lugar da sua penitência. Ora, nos primeiros dezessete anos, que combates lhe não deram os demônios, desejosos de vê-la recair! Então que fazia ela? Nada mais que encomendar-se a Maria. E Maria lhe alcançou força para resistir em todos os anos de luta, depois dos quais cessaram as batalhas. Finalmente depois de ter vivido cinqüenta e sete anos naquele deserto, achando-se na idade de oitenta e sete anos, permitiu a divina Providência que fosse encontrada pelo abade S. Zózimo. A ele contou ela toda a sua vida e pediu-lhe que tornasse ali no ano seguinte e lhe trouxesse a sagrada comunhão. Volta com efeito o santo abade e dá-lhe a comunhão. Depois a Santa lhe tornou a pedir que viesse outra vez visitá-la. Retorna novamente S. Zózimo e a encontra morta, com o corpo cercado de luzes e na cabeça escritas estas palavras: Sepulta neste lugar o corpo desta miserável pecadora e roga a Deus por mim. – Sepultou-a o Santo na cova, que veio abrir um leão. Voltando para seu mosteiro, publicou as maravilhas que a divina Misericórdia operara com esta feliz penitente.
ORAÇÃO
Ó Mãe de piedade, Virgem sacrossanta, eis a vossos pés o traidor, que em pagando com ingratidão as mercês, por vossa intercessão recebidas de Deus, tem sido infiel a vós e a ele. Mas, Senhora, vós bem sabeis que a minha infidelidade não tira, antes aumenta a minha confiança em vós. Pois vejo que minha miséria faz crescer vossa compaixão para comigo. Mostrai, pois, ó Maria, que sois cheia de liberalidade e de misericórdia para com este pecador, assim como o sois para com todos aqueles que vos invocam. Basta que me olheis e tenhais compaixão de mim. Se o vosso coração se compadecer, que posso eu temer? Não; não temo nada. Não temo meus pecados, porque podeis remediar o mal que fiz. Não temo os demônios, porque vós sois mais poderosa que o inferno todo. Não; não temo vosso Filho, justamente irritado contra mim, porque uma só palavra vossa o aplacará. Só temo por minha negligência que me leve a deixar de recomendar-me a vós nas minhas tentações e por isso me perca. Mas isto é o que hoje vos prometo, que quero recorrer sempre a vós. Ajudai-me a executá-lo. Vede que bela ocasião tendes de satisfazer o vosso desejo de socorrer um miserável, qual sou eu!
Ó Mãe de Deus, eu tenho uma grande confiança em vós. De vós espero a graça de chorar como devo os meus pecados! E de vós espero a fortaleza para não tornar a cair neles. Se eu estou enfermo, vós, ó auxílio celeste, podeis valer-me. Se minhas culpas me fizerem ser fraco, o vosso socorro me fará valente. Ó Maria, tudo espero de vós, porque podeis tudo junto de Deus. Amém.
Trecho da meditação é retirada do livro “Glórias de Maria”, de Santo Afonso de Ligório.
Capítulo I, explicação da Salve Rainha – As abundantes e numerosas graças dispensadas pela Mãe de Deus aos que a servem devotamente.
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