terça-feira, 8 de abril de 2014

Traços de humildade



1. O primeiro traço da humildade é o modesto conceito de si mesmo
Vemo-la em Maria, conforme fala a supracitada revelação. Embora se visse mais enriquecida de  graças que os outros todos, nunca ela se julgou acima de quem quer que fosse. Ao contrário, teve  sempre modesta opinião de si mesma. Este é o sentido que, no parecer de Roberto, abade, têm as 
palavras dos Cânticos: Tu feriste meu coração, minha irmã, tu feriste meu coração com uma madeixa de teu pescoço (4, 9). O humilde conceito de si mesma foi o encanto com que Maria prendeu o coração de Deus. Não podia, é claro, a Santíssima Virgem julgar-se uma pecadora. Pois, na frase de S. Teresa, a humildade é a verdade, e Maria tinha consciência de nunca haver ofendido a Deus. Não é também que deixasse de confessar a preferência com que Deus lhe concedera maiores favores do que às demais criaturas. Para humilhar-se ainda mais, reconhece o coração do humilde as singulares dádivas do Senhor. A nítida compreensão da infinita grandeza e dignidade de Deus, 
porém, aprofundava na Virgem o conhecimento da própria pequenez. Por isso, mais que ninguém, se humilhava, dizendo com a esposa dos Cânticos: Não olheis para o ser morena, porque o sol me mudou a cor (1, 5). O que, segundo S. Bernardino, significa: Comparando-me com Deus, me vejo toda escura. Segundo o mesmo Santo, jamais ela perdia de vista a grandeza de Deus e o seu próprio nada.
Vendo-se uma mendiga revestida de custosas vestes, que lhe foram dadas, não se envaidece, mas antes se humilha ao contemplá-las diante de seu benfeitor. Justamente essa presença fá-la recordar sua pobreza. Assim a Virgem quanto mais enriquecida se via, mais se humilhava. Lembrava-se, sem cessar, de que tudo aquilo era dom de Deus. Daí a sua palavra a S. Isabel de Turíngia: Creia-me, filha, sempre me tive pela última das criaturas e indigna das graças de Deus. Exatamente por isso, conforme S. Bernardino, nunca houve no mundo criatura tão sublimada como Maria, porque nunca 
ninguém a igualou em humildade.

Trecho de:
LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria: com indicações de leituras e orações para dois 
meses marianos. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, pag. 409-440

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