Quero vos dizer como eu O conheci.
Havia sempre ouvido falar d'Ele, mas não Lhe fazia caso.
Mandava-me todo dia presentes, mas eu nunca Lhe agradecia.
Me pareceu mais de uma vez que desejasse a minha amizade, mas eu permanecia frio.
Eu estava sem casa, e desgraçado, e faminto, e a todo momento em perigo;
e Ele me oferecia acolhida, comodidades, comida, segurança; mas eu Lhe era ingrato do mesmo jeito.
Enfim, Ele cruzou a minha estrada, e, com lágrimas aos olhos procurou dizer-me: vem ficar comigo.
Quero dizer-vos como agora me trata.
Preenche todas as minhas necessidades.
Me dá mais do que ouso pedir.
Antecipa tudo o que necessito.
Me suplica de pedir sempre mais.
Nunca Se lembra de minha ingratidão passada.
Nunca me rejeita por minhas passadas loucuras.
Quero dizer-vos também o que eu penso d'Ele.
Ele é tão bom quanto é grande.
O Seu amor é tão vivo quanto verdadeiro.
É tão pródigo em Suas promessas, como é fiel em mantê-las.
É ciumento do meu amor o quanto O merece.
Eu sou em cada coisa Seu devedor, mas Ele me ordena de chamá-Lo de Amigo.
Mas se desejamos conhecê-Lo através de Suas próprias expressões, e não das nossas, somos obrigados a examiná-Lo sob todas aquelas forma que escolheu para Se nos manifestar. Não basta dizer: "Interiormente, Ele é meu Amigo, portanto não preciso de mais nada". Não é amizade leal, por exemplo, repudiar a Igreja ou os Sacramentos, como coisas supérfluas, sem antes indagar se Ele instituiu ou não estas coisas como meios pelos quais estabelece Se aproximar de nós. E, particularmente, se deve ter presente que no SS. Sacramento Ele nos traz tantos dons aos quais de outra forma não teríamos direito. Ele aproxima e une a nós não apenas a Sua Divindade, mas aquela mesma amável e adorável Natureza Humana que para tal finalidade assumiu na Terra.
Robert Hugh Benson
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