terça-feira, 11 de dezembro de 2012

"MATERNIDADE DIVINA"


I. 1. Introdução.
O mistério da maternidade divina de Santa Maria constitui sua
razão de ser, a mais profunda razão de sua existência e do lugar que
ela ocupa no plano da salvação.
Seguindo o Concilio Vaticano II, se “só no mistério do Verbo
Encarnado se esclarece verdadeiramente o mistério do homem” (GS
22), somente no mistério da maternidade divina se esclarece o mistério
de Maria e do lugar que ela ocupa na Economia da Salvação.
A essencial e total referência de Santa Maria a sua maternidade
vem sublinhada no texto do Concílio pela afirmação que sua eleição
como mãe tem lugar na mesma decisão (
consilio) da encarnação do
Verbo:
ab eterno una cum divini Verbi incarnatione (cf. Lumen Gentium
nº 61).
Por tanto, Mãe e Filho aparecem indissoluvelmente unidos no
plano divino. No mesmo mistério de Cristo, Maria está presente já
“antes da criação do mundo” como aquela que o Pai elegeu como Mãe
de seu Filho na Encarnação, e junto com o Pai a elegeu o Filho,
confiando-a eternamente ao Espírito Santo.
I.2. A maternidade divina na Sagrada Escritura.
Na Sagrada Escritura não se afirma explicita e formalmente que
Santa Maria é a Mãe de Deus,
Theotokos ou Deigenitrix. Ela é chamada
mãe de Jesus ou mãe do Senhor. Ao mesmo tempo, se diz que Jesus é o
Filho de Deus, o Verbo Eterno do Pai. Disto infere-se que Santa Maria
deve ser venerada verdadeira e propriamente com o título de
Theotokos
, de Mãe de Deus, pois seu Filho é o Logos, Unigênito do Pai
e, portanto, Deus verdadeiro.
Lc 1, 35
Filho de Deus que nasceu de Maria
“Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que
nascer de ti será chamado Filho de Deus.”
*Trata-se aqui de uma autêntica maternidade que
tem sua origem em
uma intervenção extraordinária de Deus;
*A esta maternidade Maria contribui com sua aceitação consciente e
livre. Trata-se de um consentimento que procede da fé, da caridade e
da obediência, implicando assim a santidade pessoal de Santa Maria e
sua entrega à obra da Redenção.
Este livre consentimento faz parte
integral do conceito adequado de sua maternidade divina.
4
Gl 4, 4-6
“Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que
nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os
que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de
que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu
Filho, que clama: Aba, Pai!”
*Fica claro que a ação geradora é em relação ao Verbo.
Rm 9, 5
“...e os patriarcas; deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é,
sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém”.
*Essa doxologia afirma que Cristo, descendente segundo a carne dos
israelitas, é Deus. Por isso, a mulher da que Jesus procede na carne –
ou seja, Maria – é Mãe de Deus.
Mt 1, 21
“Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo de seus pecados”.
*A expressão
seu povo é muito forte. O Novo Testamento, herdando a
linguagem do Antigo, aplica esta expressão unicamente ao Senhor, que
havia escolhido a Israel como Seu povo (possessivo forte).
*Portanto, é atribuído de forma direta a Jesus o caráter divino, pois na
Nova Aliança o povo de Israel será tanto d’Ele como de seu Pai.
*Esta tese é reforçada com o objeto da salvação:
de seus pecados;
palavras que reiteram indiretamente a divindade de Jesus Cristo, pois,
no mundo religioso judeu, esse poder somente corresponde a Deus;
motivo pelo qual acusam de blasfemo a Jesus, quando em nome próprio
perdoa os pecados.
Lc 1, 43
“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?”
* A palavra Senhor (
Kyrios) se aplica a Deus e não somente ao Messias.
ESCOLA TEOLÓGICA PARA LEIGOS DA
ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE
APOSTILHAS de MARIOLOGIA

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