domingo, 9 de março de 2025

Rezando com o auxílio da Virgem Maria

 Talvez já tenhamos ouvido que Deus se fez pequeno, e humilhou-se por amor a nós: Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E, encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz. (cf. Fl 2,6-8)

De maneira simples, podemos dizer que Deus “desce dos céus”, lembrando que Ele sempre esteve no meio de nós, onipresente, e as Sagradas Escrituras nos asseguram isso. Despojar-se de Si, tornando-se semelhante a nós, encarnando no seio da Virgem Maria, foi manifestação do Seu amor.

Foto Ilustrativa: GitoTrevisan by Getty Images


Sendo Deus, Ele poderia usar de vários meios para se manifestar ao mundo, mas escolheu a Bem-Aventurada Virgem Maria e quis precisar dela: Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei. (Gl 4,4)

Tenha Maria como sua intercessora

“Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.” (Lc 1,30-31)

Foi em Maria que Deus encontrou graça, e nos enviou o Seu Filho para nos salvar: “Nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11).

Santo Agostinho nos diz que “Maria, antes de conceber Jesus em seu ventre, já o tinha concebido no coração”.

Maria acolhe a graça de Deus, submetendo-se e abandonando-se na Sua vontade. Ao dizer sim, dispõe-se a cooperar no plano da Salvação da humanidade, e com ela todas as consequências futuras que viriam.

Mediadora das graças

Nas palavras de Isabel, encontramos razões para aliar-se a Maria e fazer dela nosso auxílio forte e seguro na oração:
Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor me venha visitar? (Lc 1,42-43)

Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido! (Lc 1,45)

Maria é bendita. Isso significa que é uma pessoa abençoada, que tem méritos diante de Deus e que trouxe em seu ventre o Bendito Jesus. Feliz é Maria, que acreditou, mulher de fé inabalável, que em nenhum momento duvidou e que viu as promessas de Deus se cumprirem, porque elas são irrevogáveis.

Desde o Antigo ao Novo Testamento, encontramos a presença de Maria. Citamos apenas algumas passagens que a demonstram: Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3,15)

(…) Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. (Is 7,14)

E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho”. (Jo 2,3)

Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem Ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Então disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E desde aquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19,25-27)

Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas, Maria, mãe de Jesus… (Atos 1,14)

E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. (Ap 12,1)

Do Gênesis ao Apocalipse está Maria, nas profecias e nos fatos; nas bodas de Caná, a mãe de coração atento que observa e se antecipa diante das necessidades dos filhos, ao faltar o vinho; aos pés da Cruz, com o coração dilacerado e traspassado pela dor, guardava tudo no silêncio do coração e, na pessoa de João, atende o apelo do Seu Filho e nos recebe como filhos. Também na Ressurreição, lá estava Maria, a primeira que acreditou. No
meio da desolação, tristeza e desânimo dos apóstolos, sem compreender o que de fato acontecia com eles, sem saber qual rumo tomar, Maria os firma na fé e, reunidos em Cenáculo, recebem o Espírito Santo.

No Apocalipse, na imagem da “Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e coroada por doze estrelas”, vemos o triunfo de Maria Imaculada, que após o coração traspassado pela morte do seu Filho na Cruz, participa e reina, em corpo e alma no céu, com o seu Filho Jesus.

Diante desses acontecimentos, não resta dúvida: Nossa Senhora é a pessoa com a qual devemos contar, para juntos rezarmos e alcançarmos graças, pois o mérito de Maria junto a Jesus é inquestionável. Só temos benefícios ao contar com a Santa Mãe de Deus e também nossa Mãe.

O nosso Papa Emérito Bento XVI, na homilia da canonização de Santo Antônio de Santana Galvão, disse: “Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”.

Nossa Senhora, diante do trono de Deus nos céus, intercede por nós junto a Jesus, como aquela que acreditou e testemunhou as promessas de Deus para a humanidade. Ela tem os méritos necessários para alcançar as graças que suplicamos. Como nas bodas de Caná, ela deseja que façamos tudo o que Jesus nos disser.

Maria é a nossa acolhida materna

Como mãe, ela socorre toda a Igreja e todos os seus filhos não somente os cristãos, mas todos, dos mais simples até os que estão enfraquecidos na fé e afastados. Nesses casos, a Virgem Maria, com seus braços maternais, é o único vínculo de afeto, de acolhida, de cuidado.

Assim o diz São Thomaz de Villa Nova: Ela é dotada de um coração, o mais terno e compassivo, e por isso não pode ser indiferente, nem deixar de valer a quem deveras A procura. Ela até foi escolhida pelo mesmo Deus para ser nossa advogada.

Ela está no céu perante seu divino Filho, pedindo sempre por nós, mostrando-Lhe suas lágrimas e apresentando-Lhe suas intensíssimas dores por seu amor e por nós sofridas. Ela não aborrece, nem desampara um pecador, por mais enormes que sejam os seus crimes, contanto que olhe deveras para Ela, com grande aborrecimento ao pecado, e verdadeiro desejo de emenda.

Assim diz São Bernardo: Ainda que o pecador se veja já no abismo de tristeza, já decepcionado, mesmo às portas do inferno, se deveras e de coração puser os olhos em Maria, dirigindo-lhe fervorosas súplicas, logo há de sentir na sua alma as luzes da divina graça, e as doces consolações da divina misericórdia. Ó, bendito seja o nosso Deus, que nos deu uma tal Mãe, uma tão poderosa advogada!

Trecho extraído do livro “Rezar com a mãe”, de Nilza e Gilberto Maia



Reflita sobre o modelo de fé da jovem Virgem Maria

 

Maria é exemplo da realização da fé, esperança e caridade

À jovem Virgem Maria se aplica uma palavra referida à sabedoria: “Sou a mãe do belo Amor e do Temor, do Conhecimento e da santa Esperança” (Eclo 24, 24). Em Maria, a jovem, encontra-se a realização da fé, da esperança e da caridade.

Uma jovem chamada Maria (Cf. Lc 1, 26-17) deu a resposta mais decisiva que um ser humano é capaz de dar diante do plano de Deus. Ele soube olhar para a pequenez que se tornou a grandeza daquela servidora. A oblação de sua liberdade (Lc 1, 38) expressa a maturidade mais elevada a que se pode chegar.

Foto Ilustrativa: Jungfrun i bön (1640-1650) by Getty Images

Acreditar! Cedo ou tarde as pessoas haverão de fazer escolhas cujas consequências determinam o rumo da própria existência. Trata-se de um ato de confiança, com o qual se aposta a vida em quem é reconhecido maior do que a pessoa que responde. É o risco a ser assumido na vida de qualquer pessoa humana, ainda que essa se decida a acreditar apenas em si mesma.

A experiência da fé é fonte de felicidade

Pode-se arriscar num projeto de vida chamado profissão, o que é pouco para as dimensões da obra de Deus que somos nós. Alguém irá atrás de uma ideologia, essa carregada do germe da destruição interior que se seguirá, mais cedo ou mais tarde. Outros acreditarão no dinheiro, no poder ou no prazer, com as trágicas consequências testemunhadas na história da humanidade. Pode ainda acontecer a idolatria, com a qual coisas ou pessoas são confundidas com Deus. Ídolos caem sempre e se desmoronam!

Por outro lado, a experiência da fé é fonte de felicidade, pois liberta a pessoa de olhar apenas num espelho que é o próprio eu, abrindo horizontes antes impensáveis. A fé não limita, mas escancara portas para a vida humana, concedendo-lhe condições para enxergar com profundidade os acontecimentos. Não significa a busca de fatos extraordinários, curas miraculosas, fenômenos assustadores, mas a descoberta do sentido profundo da vida, expresso num projeto que vem de Deus!

A fé da Virgem Maria

“Feliz Aquela que acreditou, pois o que Lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45). Olhemos para a Virgem Jovem Maria para aprender com Ela a arte da fé. Com Ela nós acreditamos, n’Ela somos conduzidos a Jesus, o único Salvador. A nossa fé quer ser parecida com aquela que Maria professou, tanto que, a consideramos Mãe da nossa própria fé.

Dentro de poucos dias, nossa cidade de Belém se transformará num mar de gente, pessoas de todas as idades e situações sociais, conduzidos todos pelas mãos da jovem Virgem de Nazaré, olhando para frente e para o alto, para o encontro com Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

E tudo começou quando a jovem recebeu a visita de um emissário de Deus. É que existe um plano de felicidade que provoca a nossa liberdade, expresso pela figura do Anjo que Lhe aparece. Deve entregar Sua vida a uma proposta que supera em muito sua pequenez e fragilidade! De fato, deve-se “dar crédito” à voz interior, instrumento que Deus usa para nos tocar.

Quem professa a fé sai de si mesmo, como fez a Jovem Virgem Maria

Ainda que não tenhamos aparições extraordinárias, forte e eloquente é a voz que nos chama à adesão ao projeto de Deus. Pode acontecer, também, de muitas pessoas terem sido instrumentos da graça de Deus para nos chamar. Elas responderam ao dom que vem do alto, mesmo sem entender. A fé se arrisca deixando à liberdade do próprio Deus: as eventuais explicações a serem dadas no correr da vida. Mas o ato inicial é um verdadeiro salto no escuro, garantido apenas pela qualidade Daquele que chama!

A resposta dada a Deus compromete a pessoa com o plano que Ele estabelece. Quem professa a fé sai de si mesmo. Assim fez a Jovem Virgem Maria, partindo para um verdadeiro estágio de serviço e presença junto de Sua prima Isabel. A fé abre portas e janelas, faz a pessoa se colocar a caminho, liberta-a de interesses egoístas, para enxergar o mundo por meio de outros apelos. E, na casa de Isabel, Maria ouve a proclamação de sua felicidade.

Todas as gerações me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas

Antes, era um Anjo que lhe anunciava o plano de Deus, agora é a voz delicada e profética de uma pessoa humana, como acontece também em nossa vida. A aventura da fé se abre aos muitos apelos feitos por Deus por meio das pessoas. Do magnífico diálogo entre as duas futuras mães brota a certeza do amor que, hoje, devotamos à Jovem Virgem Maria.

“A minha alma engrandece o Senhor e meu Espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque Ele olhou para a humildade de Sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas” (Lc 1,46-49).

A presença de Maria na vida de Jesus

Outros episódios contribuíram para o amadurecimento da fé na Jovem Virgem Maria. Tendo dado Sua resposta a Deus, logo o Fruto aparece e nasce o Menino Deus, Luz para todas as nações! Mãe feliz, missão que se abre para uma vida. Logo depois, após anúncios de um Anjo e de uma prima, agora é o velho Simeão a anunciar, profeticamente, o mistério da dor, ali chamada de espada a transpassar o coração (Lc 2, 22-40).

Faz ainda parte de Sua vida a fuga para o Egito, buscando garantir e salvar, a qualquer custo, o que pertence a Deus, Seu Filho amado. Em seguida, a prova da fé conduz a Jovem Virgem Maria ao cotidiano de Nazaré, rotina da vida em família, onde o extraordinário é justamente o correr dos dias vividos com intensidade, no trabalho, no relacionamento com os outros, no afeto experimentado no lar.

Mais tarde, é Jesus adolescente que Lhe provoca um novo passo, foi quando Maria “aprendeu a perder”. E não é difícil identificar na vida de todas as pessoas de fé fatos semelhantes. Se Maria passa na frente, oferecendo-nos os exemplos, também para nós os passos são os mesmos e são caminho de felicidade.

Não há desculpas para quem aposta tudo em Deus!

Em Caná, a jovem Virgem Mãe Maria se revela discípula de Seu próprio Filho, fazendo acontecer a hora de Deus: “Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei tudo o que ele vos disser!’” (Jo 2,5). Trata-se de uma receita de milagre, disponível para todos os homens e mulheres de fé! Viver a Palavra de Deus desencadeia sempre uma transformação do pior para o melhor, para que o vinho novo do Reino de Deus seja oferecido em abundância. A felicidade de quem acredita se faz concreta no dia a dia da fidelidade!

Na vida da Jovem Virgem Mãe Maria, a prova final da fé aconteceu no alto do Calvário. Foi quando ela disse seu segundo e definitivo sim! A felicidade do acreditar passa pela desolação! Não há desculpas para quem aposta tudo em Deus. Abriu-se, assim, a porta do Cenáculo. E, alguns dias depois, a Mãe da Fé seria o coração da Igreja reunida, preparada para o dom do Espírito Santo prometido. Dali para frente e até a volta do Senhor, homens e mulheres de fé continuarão a testemunhar a alegria da fé, nossa honra e dignidade!




Rezando com o auxílio da Virgem Maria

  Talvez já tenhamos ouvido que Deus se fez pequeno, e humilhou-se por amor a nós: Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igua...