"Santa Catarina de Sena estava um dia a meditar as palavras do profeta “Cria em mim Senhor um coração puro”, e rogava a Deus que lhe retirasse o seu coração, no qual se enraizava toda a obstinação, teve uma visão na qual lhe apareceu o Noivo celestial, lhe abriu o peito, lhe retirou o coração e o levou consigo.
A impressão e reação física foram muito intensas, como se já não possuísse coração para viver.
Dois dias mais tarde, depois da Eucaristia em que tinha participado e da qual tinha comungado, estando a rezar na capela della Volte, apareceu-lhe novamente Jesus. Na sua mão trazia um coração humano, vermelho e brilhante de luz.
Quando Santa Catarina viu como ele brilhava baixou o rosto e então novamente o Senhor lhe abriu o peito e lhe introduziu o coração, ocupando o lugar deixado pelo outro que lhe tinha retirado dias antes. Disse-lhe então: “Minha querida filha, o outro dia retirei o teu coração; hoje dou-te o meu, para que possas gozar de vida eterna”.
Quando Santa Catarina contou o sucedido a frei Tommaso della Fonte, seu confessor, ele riu-se dela, pois no conjunto dos seus conhecimentos não era possível alguém viver sem coração.
Contudo Santa Catarina não deixou de afirmar e reafirmar o sucedido, os seus próprios sentidos e a palavra de Deus não a deixavam duvidar. Os amigos mais íntimos asseguraram também a frei Tommaso que tinham visto com os seus próprios olhos, no lado esquerdo do peito, a cicatriz que testemunhava a permuta de corações, e ele acreditou no sucedido.
A partir desse dia Santa Catarina nunca mais disse “Senhor ofereço-te o meu coração”, mas sempre “Senhor, ofereço-te o teu coração”. E quando comungava o coração batia-lhe com tal violência e alegria que os que estavam ao seu lado o ouviam e ficavam espantados."
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