sábado, 15 de fevereiro de 2020

O contexto cultural da espantosa deusa-mãe esmagada pela Virgem de Guadalupe



O povo asteca vivia sob o horror dos massivos sacrifícios humanos em oferenda a ídolos de brutal crueldade

ODr. Andrés Brito Galindo é doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Burgos e professor de Antropologia da Educação no Centro de Estudos Teológicos de Tenerife. Ambas as instituições ficam na Espanha. É dele a conferência “Os mistérios da tilma de Guadalupe“, já visualizada mais de 2 milhões de vezes no YouTube.
A “tilma” em questão é o poncho ou manto usado pelo indígena São João Diego e sobre o qual a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe ficou inexplicavelmente estampada. A seu respeito, o professor faz uma exposição longa e minuciosa, rica em detalhes religiosos, espirituais, científicos e históricos. O Dr. Andrés, diga-se de passagem, é também especialista em Astrofísica e em estudos sobre o Santo Sudário, outro tecido cujos mistérios não puderam até hoje ser desvendados pela ciência, apesar de inúmeras tentativas.

O milagre guadalupano

No idioma de seu povo, São João Diego se chamava Cuauhtlathohuac, isto é, “Aquele que fala como a águia”. Nascido em 1474, ele tinha 57 anos quando Nossa Senhora lhe apareceu e orientou a abrir o seu manto na presença do bispo, momento em que a imagem de Guadalupe ficou estampada sobre o tecido rústico – feito, aliás, de uma fibra vegetal muito frágil, que não poderia ter durado mais de 20 anos e que, no entanto, já tem quase 490 e continua inexplicavelmente em perfeito estado de conservação, mesmo tendo sido alvo de atentado químico.
Ao mesmo tempo, Nossa Senhora aparece também a Juan Bernardino, parente enfermo de São João Diego: além de curar a sua doença, ela lhe revela o seu verdadeiro nome. Este ponto é de imensa importância, mas, para ser compreendido, requer que se conheça um pouco mais da mitologia dos astecas e da história que os envolve naquele momento.

O contexto histórico

O milagre de Guadalupe acontece em 12 de dezembro de 1531, 40 anos após a chegada de Colombo ao continente americano e 10 anos após a conquista do México pelo espanhol Hernán Cortés e sua tropa de 500 soldados – muito poucos diante dos milhões de habitantes do Império Asteca, que não poderia ser considerado um império “indefeso”: os astecas dominavam avançadas técnicas de arquitetura e infraestrutura, eram astrônomos extraordinários, tinham exércitos vultosos com os quais submetiam cerca de 300 tribos da região e, frise-se, eram adeptos de frequentes e implacáveis sacrifícios humanos em oferenda às cruéis deidades que idolatravam.
Um desses deuses era Huitzilopochtli, divindade canibal da guerra: para os astecas, o sol só sairia no dia seguinte se Huitzilopochtli fosse alimentado com as entranhas de vítimas de sacrifícios rituais, pois isto o impediria de comer o sol. Em um dos templos chegava a existir uma estátua de Huitzilopochtli de boca aberta, pela qual era emitida uma voz medonha pedindo mais vítimas e declarando ter sede de sangue.
As crônicas de 1519 narram que Hernán Cortés ficou horrorizado a ponto de destruir ele próprio aquele ídolo a marretadas.
Os astecas acreditavam que o oferecimento de sangue a Huitzilopochtli garantia a continuidade do mundo. O derramamento era tamanho que as populações locais viviam apavoradas com a perspectiva de que a próxima vítima poderia ser qualquer um deles ou de seus filhos.
Andrés de Tapia e Gonzalo de Umbria contaram 136.000 caveiras humanas em apenas um templo. Chegou-se a calcular que cerca de 100.000 vítimas eram sacrificadas por ano a Huitzilopochtli.

O terror da deusa-mãe

E se o simples conhecimento das características de Huitzilopochtli é capaz de despertar repulsa e horror até os nossos dias, o Dr. Brito Galindo nos alerta para nos prepararmos antes de saber quem era a deusa-mãe de Huitzilopochtli: Coatlicoe, correspondente, mais ou menos, à Pachamama dos incas.
Trata-se de um ídolo de cuja cabeça saíam duas serpentes, com outras duas formando os braços e garras de ave de rapina constituindo os pés. A essa aberração em forma de ídolo, os astecas sacrificavam mulheres grávidas, arrancando-lhes os fetos para dissecar a sua cabeça e fazer colarinhos de pequenos crânios para adornar a satânica deusa-mãe. Representações posteriores incluem nesses colares corações, mãos e caveiras.
E agora vem um dos dados mais arrepiantes: o templo de Coatlicoe ficava na colina do Tepeyac – precisamente aquela sobre a qual apareceu Nossa Senhora de Guadalupe.
E qual é, então, o nome com que Nossa Senhora se apresenta a Juan Bernardino?
Tequatlasupe, termo que acabou se popularizando como Guadalupe, que foi como os espanhóis o entenderam porque não falavam bem a língua dos astecas.
E o que quer dizer a palavra Tequatlasupe?
Quer dizer, nada menos, “Aquela que esmaga a serpente”.

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