Que fazermos de nossa vida? Andamos nos procurando, fugimos de nós mesmos, encontramo-nos conosco mesmos intermitentemente. Não conseguimos fechar o círculo, a nos definir a nós mesmos, em suma, não sabemos quem somos. Com mais razão ainda desconhecemos os outros,mesmo os outros mais íntimos. Será que vocês conhecem seus filhos, suas mulheres, seus maridos? O que sabem vocês dos pensamentos mais secretos do coração de seu filho? Que sabem a respeito do mistério último de sua mulher e de seu marido? Não se tem tempo. A vida passa muito rapidamente. Ocupamo-nos todos dos cuidados materiais e de “distrações”. A morte chega e é diante dela que se toma consciência de que a vida poderia ter sido uma realidade grande, prodigiosa, marcada pela criatividade. Com a proximidade da morte é tarde demais. A vida ganha toda sua importância a partir do grande lamento diante de algo inacabado. E os que sobrevivem lá estão a chorar os que não existem ais. Esses que morreram e quase nada fizeram brotar de sua existência. Os vivos que estão ali lamentam que pouco colabore para a realização daquele que morreu. Ora, nesse preciso momento a morte, precisamente porque a vida não se realizou, aparece como um abismo e como um mistério insondável.
Maurice Zundel.
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