sexta-feira, 27 de junho de 2014

Ato de Consagração Individual ao Sacratíssimo Coração de Jesus ( De Santa Margarida Maria Alacoque )

Eu (o seu nome), Vos dou e consagro, oh Sagrado Coração de Jesus Cristo, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.

Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único bem do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.

Sê, ó Coração de bondade, a minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.

Ó Coração de amor, deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos ou que se oponha à Vossa vontade.

Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos nem separar-me de Vós. Suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso Coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

http://www.derradeirasgracas.com/2.%20segunda%20p%C3%A1gina/As%20Devo%C3%A7%C3%B5es/1.%20DEVO%C3%87%C3%95ES%20A%20JESUS%20CRISTO/Ao%20Sagrado%20Cora%C3%A7%C3%A3o%20de%20Jesus/Atos%20de%20Consagra%C3%A7%C3%B5es.htm

O ROSÁRIO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (A TRÍPLICE COROA EM HONRA)



 Início:
Eis o coração que tanto amou os homens.

Senhor, Vosso amor nos chamou, ao mesmo tempo, à vida e à graça.

Após a queda nos prometeu e cada vez de novo nos promete a Redenção.
O grande sacrifício da reparação teve início na humildade da Encarnação.
Em Vossa Infância, Senhor, Vosso amor nos cativou pela mansidão, pela humildade e pelas primeiras imolações.
Nos trabalhos apostólicos e nas longas vigílias de oração, o Vosso Coração ardia de amor por todos nós. Muito mais ainda na agonia, quando o peso de nossos pecados vos fez suar sangue.
Na cruz, Vosso Coração foi aberto pela lança, como supremo testemunho do sacrifício de amor pelo Pai e pelos homens.
A Eucaristia e os demais Sacramentos são fruto do vosso Coração, enquanto doação e convite de amor.
Vosso coração nos prepara um lugar na pátria celeste!
Por isso Vos louvamos, no Mistério do Vosso amor.

Na cruz:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor.

Nas três primeiras contas:
Seja amado por toda parte.
O Sagrado Coração de Jesus.

Antes de cada dezena, anunciando o mistério:
Jesus, manso e humilde de coração.
Fazei meu coração semelhante ao Vosso.

Nas contas pequenas:
Sagrado Coração de Jesus.
Ensinai-me a lição do amor.

No fim de cada dezena:
Glória ao Pai...

Mistérios da Encarnação e Vida de Cristo
Primeiro mistério:O Coração de Jesus na Sua Oferta ao Pai
Segundo mistério: O Coração de Jesus na Sua Infância
Terceiro mistério: O Coração de Jesus na Sua Vida oculta
Quarto mistério: O Coração de Jesus na Sua Vida Apostólica
Quinto mistério: O Coração de Jesus todo dedicado aos enfermos e pecadores

Mistérios da Paixão de Cristo
Primeiro mistério: O Coração de Jesus na Sua agonia
Segundo mistério: O Coração de Jesus insultado e blasfemado
Terceiro mistério: O Coração de Jesus oprimido de dores
Quarto mistério: O Coração de Jesus abandonado por todos
Quinto mistério: O Coração de Jesus transpassado pela lança

Mistérios do Coração Eucarístico de Cristo
Primeiro mistério: O Coração de Jesus manifestação visível do amor de Deus
Segundo mistério: O Coração de Jesus de onde brotou sangue e água, fonte de toda a vida cristã
Terceiro mistério: O Coração de Jesus presente na Eucaristia
Quarto mistério: O Coração de Jesus que nos convida a partilhar
Quinto mistério: O Coração de Jesus anúncio de uma nova civilização, a civilização do amor

Oração final ao Coração de Jesus:
Senhor Jesus acreditamos e confiamos no amor que o Pai tem para conosco.

Acolhemos o Vosso convite: “Vinde a Mim todos. Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”.
O Vosso Coração, humano e divino, revela o mistério da bondade do Pai, convida à conversão, dá-nos paz e esperança.
Do Vosso Coração transpassado na cruz, nasceram a Igreja e os Sacramentos.
Queremos beber, com alegria, dessa fonte de salvação.
Vemos em Vós o modelo do homem novo, criado segundo Deus, em justiça e em verdadeira santidade, o homem de coração novo, a mais perfeita imagem do Deus invisível.
O Vosso Coração é sinal e convite:
Nele contemplamos o segredo íntimo de Vossa pessoa e não podemos ficar indiferentes diante de Vossa solicitude pelos famintos, doentes e pecadores.
Destes a Vida em obediência ao Pai e por amor dos homens.
Rezastes e morrestes pela união dos homens com o Pai e dos homens entre si.

Vosso caminho é também o nosso caminho.
Fazei o nosso coração semelhante ao Vosso. Amém.


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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Entulhos

Fragmentos de materiais provenientes da construção ou demolição de uma obra, ou ainda o acúmulo de muitas coisas em um lugar. E preciso muitas vezes analisar os castelos que estamos construindo em nossas vidas, se não são castelos alicerçados em coisas ilusórias e passageiras; e preciso construir castelos em bases solidas com sabedoria e sempre seguindo a orientação de Jesus para tal construção.
 Muitas vezes ficamos presos a desejos, fantasias, consumo excessivo, busca por status e vamos nos alimentando de coisas que só nos deixa mais pesados, acumulando entulhos que atrapalha o nosso viver. 
E preciso deixar o caminho livre para que possamos ter uma relação transparente com Jesus Cristo, tirando o ódio, a inveja, a tristeza e tantas outras impurezas que atrapalham nosso caminho com o Rei dos reis. Do que adianta esconder algo desse maravilhoso Deus, sendo que Ele sabe tudo. Precisamos deixar de fingir que Ele não sabe e tomar atitudes e ações que nos faça cada dia melhores do que somos; um pai melhor, mais presente, uma mãe mais amorosa, um funcionário melhor, um servo melhor, um amigo melhor, um adorador melhor, um soldado, um guerreiro melhor pra Deus. Precisamos ter pelo menos a dignidade e a honra de passar pela vida de alguém e deixar algo de valor. Podemos deixar algo nosso, como um conselho, um incentivo, um sorriso, mas se deixarmos algo que vem de Deus essa vida pode ser transformada.
Será que nossa fe não esta alienada e não estamos escondendo defeitos, maquiando fragilidades, quando às vezes, reflexões e diálogos diários com Nosso Senhor poderia nos trazer mais maturidade e presença de palco no cenário da vida.
Muitas vezes preferimos nos esconder e nos omitir ao invés de ter uma fe transformadora e ligada a ação.
E preciso entender que Deus nos aceita como somos, ou seja, com nossos defeitos, limites, virtudes e pecados. Mas que também não sejamos meros freqüentadores de igrejas que não provaram verdadeiramente o arrependimento, não podemos continuar a flertar com o mundo a acharmos que do jeito que esta nossa vida seremos arrebatados. Muitos estão no barco prazeroso do mundanismo, mas não percebe que este barco se destina a destruição. Somos apegados a moda desse mundo, porem essa moda passa e nossa vida também; ganhamos o mundo mas perdemos nossa alma!
Fica aqui o alerta para que possamos refletir sobre nossa vida, nossas escolhas, aquilo que optamos por dizer sim ou não. Jesus Cristo e o maior tesouro que existe, Ele e o melhor e e preciso querer estar com o melhor; mas não estar com Ele porque se quer algo em troca e sim porque estar com Ele deve ser a nossa meta e objetivo, pois no mais Ele tudo fará!

"Por causa de prazeres passageiros, sofrem-se grandes tormentos eternos"
São João da Cruz

fonte: filhosespirituaisdepepio.blogpsot.com.br

Riqueza Espiritual 1

"Não se contentar com o que diz o confessor é orgulho e falta de fé."
"A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer sente-se impedida em sua liberdade e contemplação."
"O mais leve movimento de uma alma animada de puro amor é mais proveitoso à Igreja do que todas as demais obras reunidas."
"Por causa de prazeres passageiros, sofrem-se grandes tormentos eternos."
"Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e tudo para mim." (Sobre a Eucaristia)
"Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma que Cristo não faria ou não diria se encontrasse as mesmas circunstâncias."
"Renuncie aos desejos e encontrará e encontrará o que seu coração deseja."
"Que felicidade o homem poder libertar-se de sua sensualidade! Isto não pode ser bem compreendido, a meu ver, senão por quem o experimentou. Só então se verá claramente como era miserável a escravidão em que se estava."
"Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito, nem mesmo um bom cristão."
"Senhor, quero padecer e ser desprezado por amor de Vós."
"A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho esta com um fio grosso ou fino... ficará sempre preso e não poderá voar."
"Para possuir Deus plenamente é preciso nada ter; porque se o coração pertence a Ele, não pode voltar-se para outro."
"O demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus."
"O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, porque é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado."
"Dar tudo pelo tudo."
"A pessoa que caminha para Deus e não afasta de si as preocupações, nem domina suas paixões, caminha como quem empurra um carro encosta a cima."
"A constância de ânimo, com paz e tranqüilidade, não só enriquece a pessoa, como a ajuda muito a julgar melhor as adversidades, dando-lhes a solução conveniente."
"O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo amado."

FRASES DE SÃO JOÃO DA CRUZ

fonte: filhosespirituaisdepepio.blogspot.com.br

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Eu só posso orar usando fórmulas pré-estabelecidas e apenas em certas horas e locais?

- Quando eu era católica, me disseram que eu só podia rezar usando fórmulas pré-estabelecidas, e apenas em certas horas e locais. Agora que eu sou uma cristã nascida de novo, eu posso orar usando as minhas próprias palavras, em qualquer tempo e lugar, mesmo quando estou lavando a louça! (Anônimo)
Parece-nos pouco provável que um padre, freira ou instrutor religioso tenha dito a você: “Reze usando fórmulas pré-estabelecidas, em certas horas e locais”. É bem mais provável que você tenha compreendido errado o que lhe disseram.
Ou será que você concluiu, a partir das orações litúrgicas da Missa e dos livros de orações, que toda oração precisa seguir uma fórmula pré-determinada? Se foi isso o que ocorreu, você foi vítima do raciocínio do “non sequitur”: é falácia lógica concluir que todas as orações tenham palavras padronizadas só porque algumas as possuem.
A Igreja Católica sempre ensinou que você pode usar [nas orações] as suas próprias palavras e em qualquer tempo e lugar. Na verdade, a importância da oração mental como uma atitude constante durante o decorrer do dia é bastante recomendada pelos escritores espirituais católicos, tanto antigos quanto contemporâneos.
Ficamos felizes de saber que você descobriu que pode orar usando suas próprias palavras, mas recordamos que você formou uma falsa impressão de que isto não era possível no Catolicismo e, em razão disto, concluiu que precisava abandonar a Igreja para poder ser capaz de orar enquanto lava a louça.
E por falar em lavar, você já era uma cristã nascida de novo quando católica. Isto, evidentemente, não quer negar a realidade da sua conversão espiritual obtida sob os auspícios protestantes, uma conversão que faz o Cristianismo ser vivo para você. Entretanto, é coisa certa que você nasceu de novo pelo Batismo. É claro que você, como protestante evangélica, pode querer objetar esta afirmação, mas o ensinamento claro da Bíblia seria contrário a você (João 3,3; 5,22; Tito 3,5).

http://www.bibliacatolica.com.br/blog/apologetica/eu-so-posso-orar-usando-formulas-pre-estabelecidas-e-apenas-em-certas-horas-e-locais/#.U6MK9PldVic

A festa de Corpus Christi, a festa do amor

A festa de Corpus Christi é comemorada toda quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade, após a festa de Pentecostes, e é realizada há mais de 8 séculos pelos cristãos do mundo. A história nos conta que no ano de 1258, Jesus apareceu à Beata Juliana de Cornillon pedindo a ela a introdução da Festa de Corpus Domini (Corpo de Cristo) no calendário litúrgico da Igreja. Foi preciso que um milagre Eucarístico acontecesse na cidade de Bolsena na Itália para que a Igreja entendesse a validade das mensagens de Juliana e reconhecesse a seriedade do pedido de Jesus. Nesta ocasião caíram gotas de sangue sobre o altar através de uma hóstia consagrada* que tirou qualquer dúvida sobre a veracidade dos fatos. Após este episódio o Papa Urbano IV em 1264 emitiu um transcrito, onde prescreveu a celebração da festa de Corpus Christi no calendário litúrgico da Igreja. Vamos aprender agora um pouco mais sobre esse sacramento instituído por Jesus para o nosso amor.

A Eucarístia Um sacramento de Amor

No Novo Testamento, há quatros passagens que relatam a instituição da Eucaristia. São os de São Mateus (26, 26-28), São Marcos, (14, 22-24), São Lucas (22, 19-20) e São Paulo (1 Cor 11, 23-29). Quando o padre lê as palavras iniciais da Eucaristia, faz isso em nome de Jesus, como se o próprio Jesus estivesse presente. Ernesto N. ROMAN, em sua obra A Eucaristia para o povo, livro que aponta de maneira aprofundada as relações deste sacramento com a Igreja, faz a seguinte citação: Teófilo de Alexandria, no ano 400, dizia: ?Na missa Cristo nos prepara hoje a mesa, nos serve? (2001, p. 15). A partir deste momento, o pão e o vinho ofertados no altar, se transformam realmente em corpo e sangue de Jesus, e a isto se dá o nome de transubstanciação. Quer dizer que a aparência do pão e do vinho continuam, mas saem sua substância, entrando a realidade divina de Cristo. Neste mistério de fé para o católico, Ernesto N. ROMAN discorre em sua obra já citada:

?Sabemos que cada coisa existe com sua substância. A substância não se vê. Mas é aquilo que faz com que um coisa seja aquilo que é. Assim, a substância do ferro é aquilo que faz com que o ferro seja ferro, e não madeira. As aparências do pão e do vinho, aquilo que é percebido com os sentidos, como cor, cheiro, sabor?permancem, somente que sustentados pelo corpo e sangue de Cristo após as transubstânciação. Portanto Cristo se encontra alí na figura de pão e de vinho. Também as espécies do pão e do vinho estão aí não mais para garantir a presença do pão e do vinho, mas sim a presença do Corpo e do Sangue de Cristo? (ROMAM, 2001, p. 14).

Chama-se a Eucaristia também de renovação do sacrifício da cruz, pois era comum entre os judeus o sacrifício de animais e cordeiros como forma de expiação de pecados. Na Eucaristia, Cristo se oferece como o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29), palavras essas recitadas pelo padre após a consagração das divinas formas reafirmando que Jesus veio ao mundo para levar à perfeição aquele primeiro sacrifício de cordeiros do povo judeu, como afirma a passagem do livro de Hebreus, no versículo 8 do capítulo 10, ?Não queres e não te agradas sacrifícios e ofertas, holocaustos pelo pecado?. Contudo aquele sacrifício na cruz fora cruento, devido ao derramamento de sangue, este agora é chamado pela Igreja como um sacrifício incruento, pois não há derramamento de sangue, mas não deixando de ser a mesma entrega. Maiores instruções sobre este assunto a própria Igreja o faz:

?Na Eucaristia, Cristo se dá este mesmo corpo que entregou por nós na cruz, o próprio sangue que derramou por muitos para remissão dos pecados (Mt 26,28). É portanto, um sacrifício porque re-presenta (torna presente) o Sacrifício da Cruz, porque dele é memorial e porque aplica seus frutos: Na última ceia, quis deixar à sua Igreja, sua esposa muito amada, um sacrifício visível em que seria re-presentado (feito presente) o sacrifício cruento que ia realizar-se um vez por todas uma única vez na cruz, sacrifício esse cuja memória haveria de se perpetuar até o fim dos séculos (1 Cor 11,23) e cuja virtude salutar haveria de aplicar-se à redenção dos pecados que cometemos cada dia? (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 1995, p. 326,327).

Por isso estar diante do Santíssimo Sacramento é estar diante do Corpo, Alma e divindade de Jesus Cristo, o mesmo de 2.000 anos atrás, e que deseja atualizar sempre o seu sacrifício da Cruz, para que os cristãos de todas as épocas e tempos tenham a honra e a grandiosidade de receber o mesmo Cristo Jesus que se deu a nós, um dia em Nazaré, e agora bem perto de nós.

Corpo de Cristo ? uma lição de amor

Outro termo da Eucaristia, do Corpo de Cristo, é Comunhão, na qual se ressalva outro aspecto importante desse sacramento, que é a união da comunidade reunida para uma refeição espiritual comum. Além de expressar a união de cada um de nós com o próprio Deus, que no momento da comunhão entra fisicamente e espiritualmente naquele que comunga, leva-nos ainda à uma plena intimidade mística. Renovando a entrega de Jesus a toda humanidade por meio da cruz, aspecto este muito significativo, essa comum-união descrita no livro de GÁLATAS (Cap.2, v.20), é sem dúvida a maior expressão do catolicismo. Nesta festa do Corpo de Cristo a hóstia é elevada e levada solenemente em procissão pelas ruas. Essa expressão de amor tem durante todos os séculos da Igreja alimentado todas as gerações de fiéis católicos que acreditam na missa, como uma entrega renovada em cada celebração, do amor eterno de Deus ao seu povo.

Outro nome da Eucaristia dada pela Igreja é de Pio Pelicano, referência a figura do pelicano, uma ave que quando falta alimento para os filhotes, abre o peito com o bico para alimentá-los com o próprio sangue, morrendo se necessário. Esta expressão de renúncia pelo próximo é sublimada por Jesus e sacramentada na máxima: ?Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos amigos? (Jo 15,13). Cada missa é portanto uma renúncia de Cristo por cada um de nós e uma grande lição de amor.

Todos nós sabemos que amar é dar a vida pelo próximo. É Jesus quem diz: ?eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem? eu dou a vida pelas ovelhas? (Jo 10, 14-15); em 1989, na Armênia, aconteceu um devastador terremoto na ex-União Soviética, que nessa ocasião teve a solidariedade do mundo inteiro e aonde se fizeram presentes também Madre Tereza de Calcutá e suas irmãs. Aconteceu que debaixo dos escombros de uma casa fora encontrada após 18 dias uma mãe com seu filho pequeno. Para espanto de todos estavam vivos, porque na última semana, a mãe da criança em cada dia cortara um dedo de suas mãos para que o filho sugasse seu sangue e permanecesse vivo. Quando madre Tereza aproximou-se para beijá-la, ela tocou seu crucifixo, e com um fio de voz disse: ?Foi Ele que me ensinou?.

De fato Cristo deu o seu sangue para que tivéssemos a vida: ?Quem comer da minha carne e beber do meu sangue terá a vida eterna? ( Jo 6, 54).

A missa atualiza o sacrifício da cruz, atualiza a nossa redenção e consequentemente a vida espiritual em nós. Isto quer dizer que em cada missa Cristo se oferece ao Pai por nós. Em cada missa Cristo renova o seu único sacrifício que Ele mesmo pediu aos apóstolos para que o fizessem em sua memória. Memória esta que não significa apenas uma simples lembrança. Na verdade o que traduzimos por memória vem do grego anamnese, e no entanto o termo utilizado pelos evangelistas é uma palavra grega que não é uma simples memória (mnemone), mas é o mesmo que tornar presente. Por isso a Santa missa é muito mais que uma reunião de oração, é o único e suficiente sacrifício de Jesus Cristo, oferecido a Deus Pai, na cruz, tornando-se presente no altar. Todas as vezes que deixamos de cumprir com a nossa mínima obrigação semanal de participar da missa fazemos como todos os apóstolos que deixaram a Jesus no seu momento mais importante.

* Este milagre se encontra ainda hoje intacto, e pode ser visto aos olhos humanos na catedral do Lírios na Itália.


http://www.veritatis.com.br/doutrina/liturgia/6251-a-festa-de-corpus-christi-a-festa-do-amor-

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Escravos por amor a Jesus Cristo



“Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12).

A Virgem Maria nos ensina como servir o Senhor.Estas palavras de Jesus nos colocam diante de uma realidade fundamental acerca de nossa vocação. Como cristãos, somos chamados a acolher a cruz de Cristo em nossas vidas. Ele se humilhou assumindo a condição de um escravo, cuja vida não pertence a si mesmo, mas ao seu senhor. Como Ele, somos chamados a assumir o ser servo. Para refletir sobre este tema, é muito importante olharmos para a Mãe do Servo Sofredor, para a Virgem Maria.

Na Anunciação de que Nossa Senhora seria a Mãe de Jesus (cf. Lc 1, 31), ela responde ao Anjo: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38). Maria não somente se disse serva, mas colocou-se a serviço de sua prima Isabel. Depois da resposta de Maria ao anúncio do Anjo, ela visitou sua prima, que estava grávida de João Batista. Ao ouvir a saudação de Maria, Isabel ficou cheia do Espírito Santo e disse: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc, 1, 42b).

Maria tinha acabado de chegar, nem mesmo havia se colocado a serviço, e foi exaltada pela saudação de Isabel. Ela declara Maria como bem-aventurada, como realizada, somente pelo fato dela ter acreditado no anúncio do Anjo: “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1, 45). Mais ainda, Isabel profetiza o cumprimento da Anunciação feita pelo Anjo.

Depois das palavras inspiradas de Isabel, em Nossa Senhora, no cântico do “Magnificat”, se realiza a profecia de Isabel. Maria experimenta, naquele momento, a exaltação de Deus: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 47-48a). Maria foi exaltada logo depois no anúncio do Anjo porque se fez humilde, se fez serva do Senhor. Cheia do Espírito, Maria profetiza a exaltação que lhe será dada até o fim dos tempos: “Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz” (Lc 1, 48b).

Como a Virgem Maria, que se fez serva, se fez escrava do Senhor, somos chamados também a nos fazer servos, escravos por amor do Senhor. Acolhendo com humildade o desígnio de Deus para nós, o Senhor nos promete que seremos exaltados: “quem se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12). Certamente, esta exaltação acontece aqui, ainda que não conforme a nossa vontade, e acontecerá plenamente na glória da Jerusalém celeste, onde estaremos na comunhão definitiva com a Santíssima Trindade, a Virgem Maria, os anjos e os santos.

http://www.bibliacatolica.com.br/blog/doutrina-catolica/escravos-por-amor-a-jesus-cristo/#.U57aiPldVic

Como devemos procurar o Coração de Jesus

"Em primeiro lugar, aproximai-vos do Coração de Jesus em espírito de penitência, para chorar vossas culpas e delas obter perdão, adorando-o como o Apóstolo São Tomé com profundo respeito, dizendo com um coração contrito e humilhado: Meu Senhor e meu Deus, Dominus meus et Deus meus, minha única esperança, permiti-me que busque o remédio de minhas chagas nas chagas de vosso Coração.
Ó Coração ferido de amor e de dor, que tanto arrependimento concebestes de todos os pecados do mundo, não é justo que eu deplore os meus e que vos testemunhe o profundo pesar que tenho de vos haver causado tanta tristeza? Coração infinitamente Santo e sumamente amante da pureza, que não podeis suportar a menor mácula, imprimi no meu o temor e horror às mais leves ofensas. Coração penitente que pagastes o resgate de todos os cativos, ajudai-me a quebrar minhas cadeias, a combater meus maus hábitos, a mortificar meus sentidos e a reparar com a penitência a glória que vos hei roubado.
Em segundo lugar, ide ao Coração de Jesus como ao vosso asilo, em espírito de confiança para submergir todas as vossas tristezas, desgostos, aflições, penas e dissabores naquele abismo de doçura e bondade." (Nouet)
Quanto mais pecadores fordes, mais deveis reanimar vossa esperança no Coração de Jesus: "Só o amor não se cansa de perdoar".
Jesus não veio pelos justos, ou pelo menos por aqueles que assim se julgam; mas pelos pobres pecadores; é no meio deles que se alegra: deixa-se chamar amigo dos pecadores; corre-lhes ao encontro e chama-os com lágrimas; faz mais festa no céu pela conversão de um só deles do que pela perseverança de noventa e nove justos. Ah, quão agradável lhe é vossa confiança, depois das vossas culpas. Esta lhe fere deliciosamente o Coração, como dizia Santa Gertrudes: Unus sculorum delicia mea, quo transverberat cor meum, secura confidentia est (Insiniot).
"Em terceiro lugar, aproximai-vos do Coração de Jesus em espírito de recolhimento e oração, para vos afastar do embaraço dos negócios" (Nouet). É Ele mesmo que vos convida, como outrora a seus discípulos depois de seus trabalhos: "Venite scorsum in desertum locum, et requiescite pusillum". Vinde a este retiro, longe do ruído do mundo, e descansai um pouco junto ao Coração de Vosso Mestre, com o discípulo amado! Ah, em breve restaurar-se-ão as vossas forças, e verdades importantíssimas aí aprendereis.

Prática
Mil vezes já ouvistes a grande máxima de Jesus: "Aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração" - porém, ainda não compreendestes o sentido todo dessas palavras; pedi-lhe com instância a completa inteligência delas. Mansidão e humildade, eis as duas virtudes que Jesus tira do tesouro de seu Coração, e no-las ensina com autoridade de mestre.


Oração jaculatória
Ó amor do Coração de Jesus, que não sois conhecido, ó amor que não sois amado, fazei-vos conhecer e amar.

3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

Mês de Junho Meditações - Mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Os quatro desejos do Sagrado Coração de Jesus

Há quatro chamas vivas que ardem continuamente no Coração de Jesus.
A primeira é o desejo que testemunhou a seus Apóstolos no dia da ceia, dizendo-lhes as seguintes palavras: "Desejo extremamente comer esta Páscoa convosco antes de padecer" (Lc 22,25). O que nos mostra com que ardor devemos aproximar-nos da Sagrada Mesa para receber o Pão celestial, que nunca receberemos com tanto desejo como Ele teve de no-lo dar. Porquanto parece que este adorável mistério era o centro de suas ações e que, tendo-o concluído, julgou haver tão venturosamente terminado o curso de sua vida que, depois desta grande obra-prima de amor, nada mais lhe restava a fazer, do que padecer e morrer por nós.
Eis o segundo desejo, cujo ardor este Coração insaciável em seus testemunhos de amor aos homens manifestou quando disse: "Eu devo ser batizado com um batismo; ah! muito me agrada que se realize" (Lc 12,59). O que era este batismo senão um batismo de sangue?
O Coração de Jesus considerava a Cruz como o altar no qual devia consumar o sacrifício de propiciação pelo resgate do mundo; eis porque suspirava por ela e a desejava com ânsia.
O ardor que o impeliu a sofrer, era efeito do terceiro desejo ainda mais violento do que aquela sede abrasadora da salvação das almas, que o fez dizer no extremo de suas dores: "Sítios, tenho sede!" Ó Coração de Jesus! que sede abrasa-dora é esta que vos devora e faz desfalecer? Inflama-me o desejo de vossa salvação, de vosso repouso, de vossa santificação e eterna felicidade.
O quarto, porém, e o maior de todos os seus desejos era glorificar seu Pai e fazê-lO reinar pelo amor no coração dos homens. "Eu vim trazer fogo à terra, e o que desejo senão que se acenda?" (Lc, 12,49).
"Eis quais eram os santos ardores do Coração de Jesus; eis o exemplo que seguiram todos os Santos, eis o fogo que aquece, queima e incendeia o Coração dEle" (Nouet.) Vão à Sagrada Comunhão com indizível fome, como Santa Catarina de Gênova, que vendo a Santa Hóstia nas mãos do Sacerdote, exclamava: "Depressa, depressa, trazei-me o pão da vida!" Desejam sofrer, para serem semelhantes a Cristo. Santo André, avistando a cruz que lhe era destinada, ex-clamava transportado de alegria: "Ó boa cruz, há tanto tempo desejada, tão ternamente amada; cruz procurada sem descanso, e agora enfim preparada para os fervorosos anelos de minha alma, eu te saúdo!" Somente a glória de Deus lhes interessa, e para promovê-la se esquecem de si próprios, tomando por máxima a divisa de Santo Inácio: "Ad majorem Dei gloriam: para a maior glória de Deus".
O zelo da salvação das almas a tal ponto os instiga que à vista das penas e trabalhos que hão de sofrer, em lugar de desanimarem exclamam, como São Francisco Xavier: "Ainda mais, Senhor, mais ainda!" Ou como uma grande alma do século XIX: "Oh! como é triste ver tantas almas resgatadas pelo sangue de Deus precipitarem-se no inferno rindo-se, como loucos que saltam do alto de elevada torre! Para dizer a verdade, para mim outra pena não existe, depois da dos próprios pecados".
Quão longe estamos destes generosos sentimentos! Quão pouco fervor temos pela Santa Comunhão, quão pesada nos parece a Cruz! Quão pouco nos interessa a salvação de nossos irmãos e a glória de Deus! Ó Coração de Jesus! Quanto amor me tendes, e quão frio é para Vós meu coração!Mudai-o, Vós o quereis e o podeis.

Prática
Ajudai Jesus Cristo a satisfazer a sede ardente da salvação das almas, que o devora.

Oração jaculatória
Ó amor do Coração de Jesus, que ardeis sempre e sem nunca vos extinguirdes, acendei-vos em meu coração. O amor qui semper ardes et nunquam extingueris accende-me (S. Agostinho).
3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

Mês de Junho - Meditações - Mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Décimo Segundo Dia - A chaga do Coração de Jesus

A chaga do Coração de Jesus

"Todas as chagas de Nosso Senhor são outras tantas portas de salvação, abertas para todo o mundo; a do Coração é, porém, a mais larga!
Todas as suas chagas são fontes de onde manam as graças; a do Coração, porém, é a mais clara e deliciosa.
Todas as suas chagas são outros tantos regatos de púrpura, nos quais mergulhamos todas as potências de nossa alma para elevar o quilate de nossos pensamentos, palavras e ações; a do Coração, porém, dá-lhes cor mais preciosa e brilho mais vivo.
Todas as suas chagas são outros tantos caracteres do livro da vida que contém a ciência dos Santos; a do Coração, porém, nos torna mais sábios.
Todas as suas chagas são lugares de refúgio, onde os maiores criminosos acham asilo; a do Coração, porém, é mais favorável e seguro.
A Chaga do Coração é eloquente que fala no íntimo dos corações, para lembrar-nos o amor que nos tem Jesus e para pedir-nos o nosso" (Nouet).
Sobre o mesmo assunto, escutemos o devoto São Bernardo: "Esse adorável Coração foi traspassado, a fim de que pela chaga visível conheçamos a invisível que o amor nele abriu. Ah!, como poderia Jesus dar-nos prova mais eficaz do seu amor, do que querendo que não só seu corpo mas até seu Coração fosse traspassado!"
As tristezas e amarguras que sentimos neste mundo prejudicam muitas vezes nossa alma: eis porque o Coração de Jesus achou o segredo de inspirar-nos que penetrássemos em suas chagas, principalmente na do Coração, para ali de-parar com manancial de alegria e consolação. Estando, um dia, Henrique de Suzo possuído de profunda tristeza, causada pela incerteza da salvação, ouviu uma voz do Céu, que muito o consolou, dizendo: «Levanta-te, entra em minhas chagas, pois nelas consiste tua única felicidade».
"Não posso aterrar-me à vista da multidão de minhas culpas - diz Santo Agostinho - quando da morte de Jesus Cristo me recordo, porque meus pecados não podem sobrepujar semelhante morte. Os cravos e a lança asseguram-me que estou realmente reconciliado com Jesus Cristo, se o amo. Longuinho, com o ferro da lança, abriu-me o lado de Jesus Cristo; nele entrei e descanso com plena segurança. Ame quem teme! A caridade expele o temor".
Nas crônicas de São Francisco lemos que um homem de qualidade fez-se religioso em um mosteiro da Ordem; não achando ali os cômodos prazeres que havia deixado, re-solveu retomar o caminho do mundo. Tão forte foi a tentação, que lhe cedeu. Todavia, avistando um Crucifixo no lugar por onde caminhava, ajoelhou-se para implorar sua misericórdia. Ah! quão terno é o Coração de Jesus, e como é grande sua bondade! Tendo apenas acabado uma curta súplica, sentiu-se ele absorto na oração até o êxtase, e aparecendo-lhe Nosso Senhor com sua Bem-Aventurada Mãe, inquiriu dele o motivo da saída; ao que respondeu que, estando acostumado a levar vida delicada, não podia suportar a austeridade da regra. Mostrando-lhe o Senhor então, a chaga de Seu lado, consolou-o, dizendo-lhe: «Filho, põe aqui a tua mão, unge-te com o Sangue da minha chaga, e acharás que todas as coisas, por mais difíceis que te pareçam, te serão muito fáceis». O noviço obedeceu, e depois em todas as tentações que lhe sobrevinham, lembrando-se da Paixão do Filho de Deus, da amorosa chaga de Seu Coração, notava que suas penas se transformavam em delícias.

Prática
Consagrai um dia da semana a honrar o Coração de Jesus de modo especial: a sexta-feira, por exemplo, que foi designada para a Igreja para este fim.

Oração jaculatória
Oxalá que meus olhos e meu coração, ó Jesus!, permaneçam sem cessar fitos na chaga de Vosso Coração! Oculi mei et cor meum tibi cunctis diebus.
3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

Mês de Junho Meditações - Mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Décimo primeiro dia - Dores do Coração de Jesus

Não foi o ferro da lança quem primeiro feriu o Coração de Jesus; o amor o havia ferido desde o primeiro instante de sua vida. Foi esta a primeira e a maior de suas chagas, que Ele mesmo não pôde dissimular: "Feriste-me o Coração, minha irmã, minha esposa, feriste-me o Coração" (Cant. 4,7) (Nouet). O Coração de Jesus também foi ferido pela compaixão de nossas misérias, que tantas chagas lhes fez, quantos males via em nós.
Foi ferido pela dor de nossos pecados, sofrendo sozinho o arrependimento e contrição de todos os crimes do mundo, como seu corpo depois sofreu a pena que mereciam. Foi esta cruz mais pesada do que a do Calvário onde morreu, pois começou-lhe com a vida e só com a morte acabou.
"Estas palavras que lhe estavam reservadas - nos diz a Beata Ângela de Foligno - manifestar-se-ão ao espírito e contristar-lhe-ão o Coração, desde o primeiro momento de Sua existência; não confusamente, porém do modo mais claro e distinto.
Ele previa que depois de triste e penosa vida de 33 anos, cujas circunstâncias todas tinha diante dos olhos, seria vendido e traído por um dos seus discípulos, negado por outro, abandonado por todos, preso, espancado, esbofeteado, acusado, blasfemado, caluniado, flagelado, coroado de espinhos, conduzido ao Calvário, carregado com a Cruz, crucificado, aniquilado pela morte, e traspassado pelo golpe de uma lança: eis o que Ele viu e não cessou de ver e meditar durante a sua vida. Semelhante previsão não podia existir sem amarga tristeza, e sem incomensurável dor de coração e de espírito".
Avalie, pois, quão vivas e contínuas foram as dores do Coração de Jesus.
Escutemos ainda sobre este assunto a Santa Margarida Maria, ou antes, a Nosso Senhor: "Estando eu um dia, diante do Santíssimo Sacramento exposto, apareceu-me o Divino Mestre todo radiante de glória com as suas cinco chagas resplandecentes quais cinco sóis. De sua sagrada Humani-dade saíam chamas de todos os lados, porém principalmente do seu adorável peito, que parecia uma fornalha: no meio destas chamas, mostrou-me seu suavíssimo Coração, que era o foco das chamas. Revelou-me então as maravilhas in-explicáveis do seu amor, a que excesso havia chegado, amando os homens, de quem só recebia ingratidões. «Eis aqui, me disse Ele, o que Me é mais sensível do que tudo o que sofri em Minha Paixão, tanto que, se corre-spondessem ao Meu amor, pouco contaria tudo quanto por eles fiz e quisera, se fosse possível, fazer ainda mais; eles, porém, só têm tibieza e repulsa para todos os meus ardentes desejos de fazer-lhes bem»".
O Coração de Jesus não sofreu somente em todas as horas, mas todos os instantes de sua vida mortal; pois, como disse Santa Margarida Maria, toda a sua vida derivou-se no amor e na privação, assim como consumou-se no sacrifício.

Prática
Tomai a resolução de fazer nas primeiras sextas-feiras do mês uma comunhão oferecida ao Coração de Jesus, em reparação de todas as negligências que se tiverem insinuado nas que fizestes entre elas.

Oração jaculatória
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, ensinai-me a su-portar com paciência as contradições e o desprezo.
3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

Mês de Junho - Meditações dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus

terça-feira, 10 de junho de 2014

Nada de sermos cristãos azedos, amargos e sem gosto!

Nada de sermos cristãos azedos, amargos, sem gosto, sem tempero! Precisamos ser cristãos com gosto, precisamos ser cristãos com tempero da melhor qualidade para salgar e para temperar o mundo.
“Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo”
 (Mateus 5, 13-14).


Jesus hoje mostra para nós o que Seus discípulos ou o que cada um de nós precisa ser no mundo em que vivemos. A primeira coisa: precisamos ser sal, sim, nós precisamos temperar, salgar, precisamos dar gosto ao mundo e à realidade em que nós vivemos. Não podemos ser aquelas pessoas insossas, que levam a vida de qualquer jeito ou que a vida não tem sentido. Muito pelo contrário, nós encontramos em Deus o sentido da nossa vida e precisamos levar esse sentido e esse sabor para a vida das pessoas que andam tão perdidas à procura de um significado e de uma resposta para tantos vazios existenciais que batem no coração humano.
Aquele que encontrou Deus como razão da sua existência sabe que a sua vida tem um outro sabor, tem um outro gosto, tem um outro significado. Mas é preciso cuidar para que o sal não perca o seu sabor. Eu e você precisamos cuidar para que a nossa vida também não se torne uma vida sem gosto, sem graça.
Não podemos deixar que nossa vida cristã se torne uma vida morna, sem significado; sem dar à vida cristã aquilo que, de fato, ela é: um testemunho vivo da presença de Deus em nós e por intermédio de nós. Uma vida cada vez mais comprometida com o Evangelho, com a oração e com a união com o Senhor. E a nossa união com Ele é que dá sentido à nossa vida!
Quantas pessoas já encontrei nesta vida que diziam: “Padre, a minha vida perdeu o sentido, minha vida não tinha mais sentido. E quando eu encontrei Jesus minha vida foi transformada, minha vida passou a ter sabor, minha vida passou a ter jeito”. Essa vida à qual Jesus deu jeito e sabor é a vida que devemos levar ao mundo. Nada de sermos cristãos azedos, amargos, sem gosto, sem tempero! Precisamos ser cristãos com gosto, precisamos ser cristãos com tempero da melhor qualidade para salgar e para temperar o mundo.
A nossa vida andava na escuridão e Cristo, que é a luz do mundo, a iluminou! Como nós precisamos iluminar a vida uns dos outros! Não podemos deixar que quem está ao nosso lado tropece e caia na escuridão. Com a luz que nós recebemos de Cristo devemos iluminar a vida uns dos outros!
Que Deus reforce e revigore o sal que há em nós, que a luz de Cristo brilhe por intermédio de nós para que o mundo conheça a luz que ilumina toda a escuridão!
Deus abençoe você!
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

O prêmio da escravidão a Maria Santíssima

Qual a vantagem de se consagrar à Virgem Mãe de Deus como seu escravo de amor? Um tal ato não tira a liberdade do homem? Não seria melhor a entrega de si ser feita diretamente a Jesus Cristo?
Pe. Juan Carlos Casté, EP
Obra máxima de São Luís Maria Grignion de Montfort, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, em nossa opinião, pode ser considVirgem Maria.jpgerado o cume da mariologia de todos os tempos. Pois, ensinando a escravidão de amor a Nosso Senhor por meio de Maria, São Luís nos aponta o caminho perfeito para alcançarmos nosso fim último, que é a união total com Jesus.
Uma devoção com as mais remotas origens
Essa forma de devoção não foi descoberta pelo missionário francês, falecido no começo do século XVIII. Trata- se, pelo contrário, de uma antiquíssima prática cujas origens se confundem com as da própria Igreja Católica.
São João de Ávila, futuro Doutor da Igreja, afirma ter ela sido praticada já por São José: "Quão rico, quão gozoso estava o santo varão por ver- -se designado para servir a tal Filho e a tal Mãe. [...] E quando considerava ser Ela a Mãe de Deus, ficava fora de si, de tanta admiração, e louvava a Deus por tê-lo tomado para esposo da Virgem, e a Ela se oferecia como escravo!".1
Na esteira do Patrono da Santa Igreja, Santo Ildefonso de Toledo compôs, no século VII, esta belíssima oração, lembrada por João Paulo II por ocasião de sua visita à Espanha, em de 1982: "Sou vosso escravo, porque meu Senhor é vosso Filho. Sois minha Senhora, porque sois a escrava de meu Senhor. Sou escravo da escrava de meu Senhor, porque Vós fostes feita Mãe do meu Criador".2
A Escola Francesa de Espiritualidade
Durante o "Século de Ouro" espanhol, a escravidão de amor à Santíssima Virgem vai tomar um renovado impulso.
Na espiritualidade da época, o termo "escravo" era corrente a ponto de o próprio Santo Inácio de Loyola considerar-se "como um indigno escravozinho" de Jesus.3 Contudo, coube a uma freira concepcionista franciscana, Sóror Inês de São Paulo, a honra de erigir a primeira Irmandade das Escravas da Mãe de Deus, fundada no dia 2 de agosto de 1595, em Alcalá de Henares.

Da Espanha, a devoção passou para o outro lado dos Pirineus, sendo difundida pela Escola Francesa de Espiritualidade, especialmente pelo Cardeal Pedro de Bérulle, São João Eudes e o venerável Tiago Olier.
Este último fundou em Paris no ano de 1642, a pedido do Cardeal de Bérulle, o Seminário de São Sulpício no qual o jovem Grignion de Montfort estudou e tomou conhecimento dessa devota prática, por ele levada às alturas que hoje admiramos. Com São Luís Maria, ela adquiriu uma profundidade cristológica, trinitária e missionária como nunca antes tivera, mas acrescida de uma singular característica: o Santo a descreveu em termos acessíveis ao povo fiel e pregou-a em suas missões populares. E essas peculiaridades não se perderam quando, no final de sua vida, a plasmou no famoso Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, o qual coaduna de modo incomparável a elevação do pensamento teológico com uma linguagem quase coloquial.
Somos escravos de Deus por natureza
A pedra angular da doutrina exposta por São Luís Grignion é uma verdade por vezes olvidada: "Antes do Batismo, nós pertencíamos ao demônio como seus escravos, e o Batismo nos transformou em verdadeiros escravos de Jesus Cristo".4
"Ignorais que não vos pertenceis a vós mesmos?" (I Cor 6, 19), pergunta o Apóstolo. E São Luís acrescenta: "Pertencemos inteiramente a Ele como seus membros e seus escravos, comprados por um preço infinitamente alto, o preço de todo o seu Sangue".5
Assentado este princípio, o missionário francês explica a diferença entre o servidor assalariado e o escravo, realçando nos mais vivos termos a inteira sujeição deste último em relação ao seu senhor: "Pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro por toda a sua vida e deve servir seu senhor sem pretender nenhum pagamento ou recompensa, como um dos animais sobre os quais ele tem direito de vida e de morte". 6
Essas palavras podem ferir os ouvidos do homem moderno, mas mostram com inegável clareza a necessidade de pertencermos totalmente a Cristo de forma perpétua, incondicional e gratuita.
Por natureza, afirma São Luís, todos os seres são escravos de Deus. Os demônios e os condenados o são também por constrangimento, os justos e os santos, por livre vontade. Este último gênero de escravidão é, obviamente, "o mais perfeito e o que dá maior glória a Deus, o qual olha o coração, pede o coração e é chamado o Deus do coração ou da vontade amorosa, porque por esta escravidão, a pessoa escolhe acima de tudo Deus e seu serviço, embora não obrigada a tal pela natureza".7
Jesus e Maria, unidos como o fogo e o calor
Mas por que ser escravo de Jesus por meio de Maria? A devoção a Ela não acaba por desviar nossa atenção de Cristo?
É a pergunta tantas vezes repetida ao longo da História, à qual o Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen gentium, dá cabal resposta: "Todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece".8
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"Sagrada Família" - Basílica de Maria
Auxiliadora, Turim (Itália)
O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem é, no seu conjunto, uma resposta irrefutável a essa objeção que, entretanto, põe- -se muito explicavelmente em grande número de pessoas, mesmo piedosas e desejosas de uma íntima união com Cristo. Até o jovem Karol Wojtyla chegou a sentir dificuldades a esse respeito, mas elas foram todas resolvidas pela argumentação teológica exposta no Tratado.9 Porque, como brilhantemente mostra São Luís nessa obra, longe de desviar ou apartar de Jesus Cristo, Maria Santíssima nos conduz à plena união com Ele.
"Seria possível que Aquela que achou graça diante de Deus para o mundo inteiro em geral, e para cada um em particular, impedisse uma alma de encontrar a grande graça da união com Ele? Seria possível que Aquela que foi cheia e superabundante de graças, e tão unida e transformada em Deus que este n'Ela Se encarnou, impedisse uma alma de ficar perfeitamente unida a Deus?" pergunta-se o Santo.10
É claro que não, afirma São Luís, porque "Vós, Senhor, estais sempre com Maria, e Maria sempre convosco; nem pode Ela estar sem Vós, pois senão deixaria de ser o que é; de tal modo está Ela transformada em Vós, pela graça, que já não vive, já não existe: sois Vós que viveis e reinais n'Ela, de maneira mais perfeita que em todos os Anjos e Bem-aventurados. [...] Maria está tão intimamente unida a Vós que mais fácil seria separar do sol a luz, e do fogo o calor".11
A mais completa doação de si mesmo
O ato de perfeita consagração nas mãos de Maria, propugnado por esta devoção consiste em entregarmos a Ela "nosso corpo, com todos os seus membros e sentidos; nossa alma, com todas as suas potências; nossos bens exteriores que chamamos de fortuna, atuais e vindouros; nossos bens interiores e espirituais, que são nossos méritos, nossas virtudes, nossas boas obras presentes, passadas e futuras".12
Mesmo após uma cuidadosa releitura das palavras de São Luís, difícil nos será aquilatar a radicalidade da entrega que fazemos de nós mesmos ao nos tornarmos escravos de Maria. Por esse ato, explica o missionário francês, a pessoa entrega a Jesus Cristo "tudo quanto Lhe pode dar, e muito mais do que por outras devoções, pelas quais ela Lhe dá uma parte de seu tempo ou de suas boas obras, ou uma parte de suas satisfações e mortificações. Aqui, tudo é dado e consagrado, até o direito de dispor dos seus bens interiores, e as satisfações obtidas por suas boas obras, dia a dia".13
E isso, sublinha São Luís, não se faz nem mesmo numa ordem religiosa. "Nestas, consagram-se a Deus os bens de fortuna, pelo voto de pobreza; os bens do corpo, pelo voto de castidade; a vontade própria, pelo voto de obediência; e por vezes, a liberdade do corpo, pelo voto de clausura. Mas não se Lhe dá a liberdade ou o direito de dispor de suas boas obras, nem se despoja tanto quanto possível daquilo que o cristão tem de mais precioso e caro: seus méritos e satisfações".14
Acrescentando um novo aspecto à visão mariológica do Tratado, que ajuda a compreender ainda melhor quão íntegra deve ser a nossa doação a Maria, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comenta: "A devoção de São Luís Grignion de Montfort consiste na doação completa de nós mesmos a Nossa Senhora, na qualidade de escravos. Escravos, porque demos a Ela mais do que um filho pode dar. As relações de um filho com sua mãe são muito mais íntimas, muito mais próximas, muito mais profundas, do que as relações de um escravo com seu senhor. Mas, em face de sua mãe e de seu pai, o filho conserva direitos. Em face de seu senhor, o escravo como que não retém direitos. A renúncia de si, feita por aquele que tem a promessa de escravidão a Nossa Senhora é, em certo sentido, mais profunda do que a renúncia que faz aquele que se considera simplesmente filho d'Ela".15
Beato João Paulo II.jpg
"Beato João Paulo II" - Acervo
fotográfico do Museu Arquidiocesano
de Cracóvia (Polônia)
Por Maria, com Maria, em Maria e para Maria
No final da sua obra, São Luís aconselha algumas "práticas interiores muito santificantes para aqueles que o Espírito Santo chama à mais alta perfeição".16 Consistem elas em fazer todas as ações "por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, a fim de fazê-las mais perfeitamente por Cristo, com Cristo, em Cristo e para Cristo".17
a) Por Maria - Segundo o padre Alfonso Bossard, "trata-se de conformar- se e deixar-se conformar por Ela, no espírito que A anima, o qual não é outro senão o Espírito Santo, fonte e princípio de toda a vida em Cristo".18
b) Com Maria - É o esforço que devemos fazer para imitar Maria, "na medida de nossas capacidades". Ela é "o único e grande molde de Deus", no qual é preciso lançar-se para se converter em "imagem perfeita" de Jesus Cristo.19
c) Em Maria - "É mais propriamente um resultado ao qual se pode chegar, fruto que o devoto pode obter ‘por sua fidelidade', como uma imensa graça, por ter posto em prática o ‘por' e o ‘com' Maria. Viver em Maria não é experimentar [...] a presença amorosa de Maria?".20
d) Para Maria - É consequência lógica da consagração: fazer tudo para sua Senhora, desde pequenos serviços até os maiores empreendimentos. Não, porém - insiste, São Luís - como fim último de nossas ações, o qual só pode ser Jesus Cristo, mas como fim próximo, intermediário e meio mais eficaz de chegar a Ele.
Precisamos de um mediador junto ao próprio Mediador
Os tópicos 135 a 182 do Tratado estão dedicados a expor os motivos que tornam recomendável esta devoção, entre os quais o de ser essa piedosa prática um caminho "fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Jesus Cristo, na qual consiste a perfeição do cristão".21
Ora o que, em nossa opinião, constitui a principal razão para nos consagramos a Jesus pelas mãos de Maria é desenvolvido numa parte anterior da obra, na qual se enumeram e desenvolvem as verdades fundamentais da devoção a Maria. A quarta delas é: precisamos de um mediador junto ao próprio Mediador.
Grignion de Montfort faz notar que "por via de regra, nossas melhores ações são manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade existente em nós".22 Assim, não podemos estar seguros de ter as disposições adequadas para nossos pedidos serem atendidos. Tomando isso em consideração, pergunta ele: "Não precisaremos de um mediador junto ao próprio Mediador?". 23 E sua resposta é: necessitamos da intercessão de Nossa Senhora para suprir nossas imperfeições e podermos, através d'Ela, nos apresentar diante do Medianeiro por excelência, Jesus Cristo, que é Deus, em tudo igual ao Pai e ao Espírito Santo.
Pelo que conclui o santo missionário: "Digamos, pois, ousadamente com São Bernardo que temos necessidade de um mediador junto do próprio Mediador, e que a divina Maria é a mais capaz de cumprir essa missão caritativa".24
Como não lembrarmos, ao ouvirmos esses ensinamentos de São Luís, da Redemptoris Mater? Nessa encíclica, o Beato João Paulo II, em perfeita harmonia com a doutrina mariológica do Concílio, realça a "função maternal" dessa mediação. 25 E cita, para isso, a solene Profissão de Fé feita pelo Papa Paulo VI em 30 de junho de 1968, bem como o discurso de 21 de novembro de 1964, no qual o mesmo Papa proclamou Maria "Mãe da Igreja".
O grande paradoxo: a escravidão que liberta
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"São Bernardo", por Philippe Quantin -
Museu das Belas Artes, Dijon (França)
Como conclusão das presentes considerações, cabe lembrar o paradoxo evangélico segundo o qual o homem deve perder a sua vida por Cristo para salvá-la (cf. Lc 9, 24). Ou, por outras palavras, a necessidade de aniquilarmos a nós mesmos, assumindo a condição de escravos, para termos "o mesmo sentir e pensar que o Cristo Jesus" (Fl 2, 5).
A escravidão de amor, aquela praticada pelos justos e pelos santos, outorga a plenitude da verdadeira liberdade. E é este um dos pontos mais entusiasmantes da doutrina montfortiana: nossa total entrega a Jesus, tornada efetiva pelas mãos de Maria, constitui o meio mais poderoso para nos liberar do jugo dos vícios, dos nossos pecados atuais e dos efeitos do pecado original.
Da glória que traz esse paradoxo para quem o pratica, é Nossa Senhora paradigma perfeito. Pois Aquela que quis ser apenas a escrava do Senhor, "terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".26
A mais íntima união com Maria que uma criatura possa jamais obter
Ora, ao conceber a sagrada escravidão a Jesus pelas mãos de Maria, explica o professor Plinio Corrêa de Oliveira, "São Luís Grignion não teve a intenção de excluir o apelativo de filho; ele acumula ambos. É por nos sentirmos filhos de Nossa Senhora, e por reconhecermos n'Ela, além de uma Mãe perfeita e incomparável, a Mãe de Deus, que a este título somamos à condição de filhos também a de escravos".27
E o líder católico brasileiro - cuja vida foi, do início ao fim, o mais belo ato de louvor a Maria que o autor destas linhas teve
oportunidade de conhecer - conclui dizendo: "Não se trata apenas, no ato de escravidão a Nossa Senhora, de se conseguir uma união muito íntima com Ela. Trata-se de obter a união mais íntima que uma criatura, nas nossas condições, possa jamais obter. É a nota característica da devoção de São Luís Grignion. Não se pode dizer apenas que é um método de união muito estreito a Maria Santíssima. É muito mais. Por muito que esforcemos nosso espírito, não descobriremos um método de união que vincule mais uma criatura a Nossa Senhora".28
Recompensa demasiadamente grande
Quais são as vantagens dessa união?
A resposta vem por si. Basta considerar quem é Maria. Ela é nossa Mãe e, ao mesmo tempo, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.
"Como nossa Mãe, Ela usa para conosco, se fosse respeitoso dizê-lo, de todos os preconceitos, parcialidades e parti-pris que uma boa mãe tem em relação a seu filho"29, chegando nesse amor materno quase que à fraudulência, como fez Rebeca em relação a Jacó.
Sendo também Mãe Perfeita do Filho Perfeito, a recompensa que Ela dê ao nosso amor só pode ser também perfeita, proporcionada, não ao valor do que Lhe demos, mas à generosidade d'Aquela que o recebeu. "Ego protector tuus sum, et merces tua magna erit nimis" - "Eu sou o teu protetor e tua recompensa demasiadamente grande" (Gn 15, 1), afirmou Deus a Abraão. O próprio Cristo, que quis tomar a forma de escravo no seio virginal de Maria para nos liberar do cruel cativeiro do demônio, há de ser o prêmio inefável da sagrada escravidão de amor.
Notas:
1 SÃO JOÃO DE ÁVILA, apud GUTIERREZ, OFM, Enrique. Sor Inés de San Pablo, Fundadora de la primera Esclavitud Mariana. Burgos: Aldecoa, 1984, p.21-22.
2 Santo Ildefonso de Toledo, apud BEATO JOÃO PAULO II. Homilia, 6/11/1982, n.4.
3 SANTO INÁCIO DE LOYOLA. Exercícios Espirituais, n.114. 
4 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la Vraie Dévotion a la Sainte Vierge, n.68. In: OEuvres complètes. Paris: Seuil, 1966.
5 Idem, ibidem.
6 Idem, n.69.
7 Idem, n.70.
8 CONCÍLIO VATICANO II. Lumen gentium, n.60.
9 Cf. BEATO JOÃO PAULO II. Dom e Mistério. São Paulo: Paulinas, 1996, p.37.
10 SÃO LUIS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, op. Cit., n.164.
11 Idem, n.63.
12 Idem, n.121.
13Idem, n.123.
14 Idem, ibidem.
15 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Comentários ao Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. In: Circular aos Sócios e Militantes da TFP. Outubro 1966, p.86.
16 SÃO LUIS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, op. cit., n.257. 
17 Idem, ibidem.
(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2011, n. 119, p. 20 à 25)

Livra do peso dos nossos pecados.

  Afrouxa os laços de nossas impiedades e nos livra do peso dos nossos pecados. Tem piedade de mim, ó Senhora, e cura minha doença. Tira a a...